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Coronavírus

"Terrorismo", diz Bolsonaro sobre foto de covas abertas

Ao falar com apoiadores, presidente voltou a criticar medidas adotadas para estimular o isolamento social, como o fechamento de comércios

3 abr 2020 - 10h53
(atualizado às 11h05)
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O presidente Jair Bolsonaro chamou de "terrorismo" a imagem que mostra funcionários abrindo dezenas de novas covas no cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo. Bolsonaro tem afirmado considerar que há "histeria" em relação à pandemia de coronavírus e, ao falar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, na manhã desta sexta-feira, 3, voltou a criticar medidas adotadas para estimular o isolamento social, como fechamento de comércio e escolas, por causa dos efeitos negativos na economia. Reportagem do Estado mostra que, na Vila Formosa, sepultamentos diários tiveram aumento de 45% e a Prefeitura contratou 220 coveiros para compensar afastamentos na cidade.

Covas abertas no Cemitério da Vila Formosa, Zona Leste da capital paulista
Covas abertas no Cemitério da Vila Formosa, Zona Leste da capital paulista
Foto: Paulo Guereta/Agência O Dia / Estadão

"Esse vírus é igual uma chuva, vai molhar 70% de vocês, certo? Isso ninguém contesta. Toda a nação vai ficar livre de pandemia quando 70% (da população) for infectado e conseguir os anticorpos. Ponto final", afirmou. Ele disse, contudo, que uma "pequena parte da população", os mais idosos, iriam "ter problema sério". "Sabemos que vai ter morte, ninguém nega isso."

Segundo o dado mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos de covid-19 ultrapassam 1 milhão no mundo, com mais de 50 mil mortes. Só no Brasil foram 299 mortes até a quinta-feira, 2, segundo o Ministério da Saúde. O isolamento social é considerado por organismos de saúde a forma mais eficaz de se conter a propagação do vírus.

Questionado por um apoiador sobre a imagem que mostra mais de 150 covas rasas abertas no cemitério de São Paulo, Bolsonaro respondeu apenas que considerava "terrorismo". Ontem [quinta-feira], em entrevista à rádio Jovem Pan, o presidente já havia feito críticas ao prefeito Bruno Covas (PSDB), citando sua proximidade com o governador João Doria (PSDB), de quem é adversário. "Precisa disso?", questionou o presidente.

A foto aérea repercutiu na quinta-feira, 2, após chegar à capa do jornal americano The Washington Post. Segundo funcionários, a alta demanda de sepultamentos por causa do coronavírus tem exigido a abertura de cerca de 90 covas por dia, o dobro do habitual. Já a Prefeitura afirma que são abertas 100 covas a cada três dias, o padrão, independentemente da pandemia. Segundo o município, as sequências de novas valas servem para "auxiliar na agilidade dos sepultamentos e cada necrópole tem dinâmica própria".

Aos apoiadores na saída da residência, Bolsonaro disse que "a sociedade não aguenta ficar dois, três meses parada" e que "vai quebrar tudo". "Você sabe o meu posicionamento. Não pode fechar dessa maneira (o comércio), E atrás disso vem desemprego em massa, vem miséria, vem fome, vem violência", declarou.

Ao ouvir reclamações sobre demissões no comércio, Bolsonaro voltou a responsabilizar os governadores. "Por demagogia, há uma disputa entre algumas autoridades quem está mais preocupado com a vida de vocês". Bolsonaro enfatizou que o "político tem que ouvir o povo" e afirmou que "a opinião pública aos poucos está vindo para o nosso lado".

O presidente não falou com a imprensa que o aguardava em frente ao Alvorada e ao descer do carro fez um pedido aos apoiadores que o esperavam na frente do Palácio da Alvorada: "Chega para cá, pessoal, fica longe da imprensa". Depois, chamou o grupo de jornalistas presentes de "urubus". "Eu não cheguei aqui pelo milagre da facada, né? Não ganhei a eleição para perder para esses urubus aí", disse apontando para onde os profissionais da imprensa estavam.

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