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Coronavírus

Teste obrigatório e barreira no litoral têm limitações

Ilhabela obriga turista a apresentar exame PCR negativo e São Sebastião testa viajantes; cientistas ponderam sobre risco de erros nos resultados

29 mar 2021 - 05h10
(atualizado às 07h27)
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Preocupadas com a covid-19 no feriadão, cidades do litoral paulista têm exigido testagem para a entrada de turistas. Especialistas dizem, que embora ajude, a estratégia não é completamente eficaz para frear o vírus.

Desde sexta-feira, para entrar em Ilhabela é preciso apresentar teste negativo de RT-PCR feito no máximo 48 horas antes do embarque na balsa de acesso. A regra não se aplica a moradores, trabalhadores de serviços essenciais e quem tomou duas doses da vacina. Válida até dia 4, a medida é acompanhada por outras restrições, como ocupação máxima de 50% para hotéis e pousadas.

São Sebastião implementou uma barreira sanitária para inibir turistas
São Sebastião implementou uma barreira sanitária para inibir turistas
Foto: DER/Reprodução / Estadão

Em São Sebastião, o PCR negativo não é obrigatório para quem chega, mas exigido de hóspedes no check-in. O exame também pode ser apresentado como alternativa à testagem rápida, feita na entrada da cidade em barreiras sanitárias. Se há resultado positivo, o visitante fica proibido de entrar.

A barreira em São Sebastião foi desfeita no sábado a pedido da polícia, após congestionamento no dia anterior, mas foi retomada no domingo. O prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB) diz que barreiras sanitárias são formas de desestimular aglomerações de turistas. "É um fator que inibe, principalmente o turista de um dia", aponta. "Neste momento, temos baixa ocupação hoteleira, mas alta demanda por locação de residências, onde é mais difícil controlar a quantidade de pessoas ali dentro", ressalta.

"As medidas restritivas que desestimulam são fundamentais para que não se tenha agora uma necessidade maior de internar mais pessoas", diz o prefeito. Ele lamenta que mais de três mil veículos entraram no município durante a suspensão da barreira no sábado. Na cidade, recém-chegados são submetidos ainda a questionário epidemiológico e há medição de temperatura.

Especialistas fazem ressalvas e defendem o isolamento como melhor solução. Presidente do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak não indica testes rápidos em situações como a atual. Segundo ela, por ser baseado em anticorpos, o modelo tem grande chance de falsos positivos e negativos. Há vários riscos de falha, como em quem já teve a doença e se recuperou, episódios de reinfecção e mesmo nos dias imediatamente após a contaminação, quando o corpo ainda não respondeu à invasão do vírus.

Ela também reprova a aferição de temperatura. "Não serve para quase nada, no máximo vai dar sorte de alguém estar com febre e mandar de volta para casa. Muitas pessoas que não têm febre podem carregar o vírus; são os assintomáticos", diz.

Vasco Ariston Azevedo, cientista da UFMG, concorda. Apesar de considerar o PCR uma opção mais eficiente do que o teste rápido, ele faz ponderações. "Se tem PCR positivo, quer dizer que a pessoa está contaminada com o vírus naquele momento e deve ficar isolada. Mas não é 100% eficaz, muitos estão contaminados mesmo tendo PCR negativo." A falha pode ocorrer por causa do momento da coleta. "Se você se contaminar hoje, só em aproximadamente cinco dias terá carga viral detectável."

Turistas desrespeitam regras nas praias

Apesar dos bloqueios criados por algumas prefeituras do litoral de São Paulo e da proibição do uso das praias durante a fase emergencial do Plano São Paulo, o primeiro final de semana de megaferiado da capital paulista provocou aumento de turistas nas cidades litorâneas. Mesmo proibidos, os veranistas aproveitaram os dias de sol para praticar atividades físicas nas orlas da praia e até mesmo furar os bloqueios impostos pelas prefeituras da região na tentativa de conter o avanço da covid-19. Na cidade de São Paulo, o Comitê de Blitze dispersou 352 pontos de aglomeração.

Em São Sebastião, diversas barreiras colocadas nas entradas das praias do município foram destruídas por vândalos. As barreiras foram dispostas de tal maneira que foi deixado um único acesso em cada praia, fechando os demais com tapumes. A entrada era destinada apenas para quem quisesse fazer atividade física individual.

As forças de segurança estão analisando as câmeras de vigilâncias dispostas em pontos estratégicos da cidade para identificar os infratores. Segundo o prefeito, os moradores estão enviando denúncias, com fotos e vídeos, de aglomerações e infrações de turistas, como a derrubada de parte dos tapumes de restrição de acesso instalados nas praias. "Estamos apurando quem fez essa prática de destruição do patrimônio público, e vamos registrar as ocorrências."/COLABOROU PRISCILA MENGUE

Estadão
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