Transporte escolar é usado para doação de quentinhas no Rio
Mobilização inclui cerca de 80 voluntários, entre os quais vários pais de alunos, e atende moradores em situação de rua
O casal Vamberta Sisenando e Maurício Donabello mudou a rotina nas últimas semanas por causa da pandemia da covid-19. Até março, eles tinham a missão de levar e buscar estudantes em colégios da zona norte do Rio. Com as aulas suspensas e a crise sanitária se agravando, os dois optaram por um caminho alternativo e compensador. Usam a van escolar de sua propriedade agora para a entrega de quentinhas a pessoas que estão morando nas ruas.
A ação é realizada aos sábados e vai para sua quinta edição. Na primeira saída do casal, com a colaboração de outros voluntários, como Elisângela Ferreira, que exerce a mesma atividade da dupla, e a terapeuta integrativa Márcia Domiciano, houve a distribuição de 210 refeições. No último sábado (25), o volume já foi bem maior: o grupo doou 410 quentinhas.
“Somos em torno de 80 pessoas, todos ajudando como podem. Uns cuidam da arrecadação, outros, das compras; há os que se oferecem para fazer a comida, colocá-las nas embalagens; tem também os que saem conosco para a entrega. É um trabalho coletivo, que faz bem a todos nós. É muito gratificante ver a reação dos que recebem. Alguns agradecem só com o olhar, pelo tanto que se sentem enfraquecidos, com fome mesmo”, contou Vamberta.
Eles circulam prioritariamente pelos bairros do Méier, Engenho de Dentro, Lins de Vasconcelos e Água Santa, na zona norte, e pelo centro da cidade, e organizam a entrega com a ajuda dos que estão em estado de abandono. “Perguntamos se já almoçaram. Em seguida, pedimos que façam fila sem aglomerações. Doamos a quentinha (com arroz, feijão, carne ou ovos ou salsichas), um suco, um copo de água e uma fruta. Damos também talheres plásticos.”
A experiência requer cuidados dos que participam: todos os voluntários usam máscaras e luvas. Quando encerram cada jornada, costumam conversar sobre o trabalho do dia. Há cenas e histórias marcantes, como a de uma senhora, algo em torno de 45 anos, com sangue nos ouvidos, que veio lhes pedir ajuda para ingressar numa clínica de reabilitação. “Estava cansada de usar drogas e viver na rua daquele jeito. Ficamos muito sensibilizados e estamos vendo ainda de que modo podemos auxiliá-la.”
Quem quiser colaborar com o projeto pode obter informações pelo instagram (amigos da fraternidade) ou entrar em contato com o grupo pelo whatsapp (98527-9195). Para montar os kits, seus organizadores precisam de doações, preferencialmente de alimentos.