USP: Variante de Manaus já é predominante na Grande SP
Pesquisadores analisaram 91 amostras de pacientes infectados pelo coronavírus em municípios da região metropolitana
SÃO PAULO - A variante P.1 do coronavírus, originada em Manaus no fim de 2020, já é predominante na Grande São Paulo, segundo estudo feito pela rede Dasa de laboratórios em parceria com cientistas do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP).
Os pesquisadores analisaram 91 amostras de pacientes infectados pelo coronavírus em municípios da região metropolitana e verificaram que 77% delas se mostraram positivas para a nova cepa. Segundo estudos recentes, a P.1 é até duas vezes mais transmissível, aumenta em dez vezes a carga viral nas células do doente e pode escapar de anticorpos formados em infecções prévias, facilitando reinfecções.
Na quinta-feira, uma análise feita pela Fiocruz mostrou que, de oito Estados analisados, seis já tinham a prevalência de variantes mais preocupantes do coronavírus: Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A análise das amostras da Grande São Paulo foi feita por meio de uma nova técnica do exame RT-PCR capaz de identificar características de diferentes cepas. A metodologia foi desenvolvida pela Dasa e pelo IMT/USP, seguindo um protocolo de identificação de variantes proposto pela Universidade de Yale (EUA).
Em nota, a rede de laboratórios alertou que o resultado da análise "reforça a importância das medidas de prevenção amplamente conhecidas pela população: uso de máscaras, higienização das mãos com álcool gel 70% e, sempre que possível, manter o isolamento social para frear a disseminação do vírus".
Para o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana, a rapidez com que a cepa vem se espalhando pelo País demonstra seu poder de disseminação. "Ao correlacionar o estudo da nova linhagem que teve origem em Manaus entre essas primeiras 91 amostras com o aumento de prevalência de casos de covid-19 no País todo, podemos sugerir que a P.1 seja altamente transmissível e que apresentou maior prevalência que a variante do Reino Unido (B.1.1.7), que anunciamos em 31 de dezembro", disse ele, em nota.
De acordo com a Dasa, o estudo para identificar amostras da variante P.1 no País segue em andamento. Neste sábado, 6, a empresa promete divulgar os resultados de mais 91 amostras analisadas.
Na semana que vem, serão apresentados os dados de outras 500 amostras provenientes de Santa Catarina e Brasília, locais com sistemas de saúde colapsados. Campana afirmou que os resultados da Grande São Paulo foram antecipados pelo impacto epidemiológico da circulação da nova variante na região.