Script = https://s1.trrsf.com/update-1734029710/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Coronavírus

Vacinação de professores e policiais divide opiniões

No Estado de São Paulo, há ainda 4 milhões de idosos de 60 a 69 anos na fila; priorização de grupos mais expostos ao risco do vírus é opção permitida a gestores

25 mar 2021 - 05h10
(atualizado às 07h41)
Compartilhar
Exibir comentários

A gestão João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta-feira, 24, que vai iniciar a vacinação de profissionais da educação e da segurança pública em abril. Especialistas em saúde divergem sobre a estratégia de priorizar professores e policiais na fila da imunização. O Plano Nacional de Imunização (PNI) orienta que as categorias profissionais sejam vacinadas após a imunização de idosos e pessoas com comorbidades, como diabéticos e hipertensos. No Estado de São Paulo, há ainda 4 milhões de idosos de 60 a 69 anos de idade na fila da vacinação.

Escolas continuam fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus
Escolas continuam fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus
Foto: Leandro Ferreira/FotoArena / Estadão Conteúdo

Para a epidemiologista Carla Domingues, é difícil definir qual grupo não deve ser priorizado, em função da alta taxa de circulação do vírus no País. O plano nacional de vacinação contra a covid-19, segundo ela, definiu que Estados e municípios poderiam fazer a própria priorização. "Esse grupo (policiais e professores) realmente está muito exposto, temos de fazer uma escolha de Sofia. São essas pessoas que estão acometendo os pais e avós", diz ela, que coordenou o PNI de 2011 a 2019.

Segundo Carla, a vacinação dos policiais e professores deve ser feita de forma concomitante à dos idosos. O governo estadual prevê imunizar os mais velhos e as duas categorias profissionais - cerca de 530 mil trabalhadores - ao mesmo tempo no mês que vem.

De acordo com Mérces da Silva Nunes, especialista em direito médico e sócia do Silva Nunes Advogados, a medida anunciada por João Doria (PSDB) encontra respaldo legal, uma vez que o Supremo Tribunal Federal deu autonomia a Estados para combater a pandemia. "A partir do momento que a União distribui vacinas para os governos municipais e estaduais, eles adquirem autonomia para determinar o que fazer dentro do Estado", avalia.

Já a infectologista Raquel Stucchi pondera que a priorização de categorias profissionais pode atrasar a imunização de idosos e adultos com comorbidades. "Se tenho número limitado de vacinas e vou reservar doses para essas categorias, estou tirando de alguém", diz a especialista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

"É um privilégio que não se justifica. Quem está morrendo são as pessoas que estão sendo preteridas para a vacinação", acrescenta Raquel. A infectologista destaca que a inclusão dessas categorias agora ocorre pela pressão política desses grupos.

Para Marcio Bittencourt, médico e pesquisador da USP, pode ser dada a priorização para grupos profissionais mais expostos e que desempenham serviços essenciais, assim como houve a prioridade a profissionais de saúde. "Não sei se esses (policiais e professores) são os únicos, mas não acho que está errado essas categorias entrarem (na priorização)." Para o especialista, é preciso que a vacinação seja agilizada e, por esse ponto de vista, a priorização dos adultos com comorbidades pode ser difícil de ser feita. "É uma lista ampla, que nem sempre é fácil de definir e documentar. Se uma pessoa diz que é diabética, qual o critério para aceitá-la como diabética? Vamos atrasar a vacinação de quem não tem atestado?".

Professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, José Cássio de Moraes também diz que a antecipação das categorias é prerrogativa do governo estadual, mas frisa a necessidade de planejamento bem estruturado. "É preciso ser bem organizado, dada a ansiedade da população de ser vacinada", defende.

Ele aponta ainda que ambas as categorias também são consideradas prioritárias na campanha de vacinação para a influenza (gripe comum). "Se estivéssemos falando de vacinar adolescentes, time de futebol ou pessoas com 50 anos, aí seria um problema, porque os esses grupos não estão incluídos na lista (do PNI)". Mas o ideal, defende, seria uma coordenação pelo governo federal.

O Estadão perguntou à Secretaria da Saúde se a vacinação de idosos e pessoas com comorbidades poderia atrasar em função da priorização de professores e policiais, mas não obteve resposta. Também não foi informado o cronograma de vacinação para idosos de idade inferior a 69 anos, mas em coletiva de imprensa nesta quarta Doria disse que novas datas de vacinação dos idosos seriam anunciadas na sexta-feira.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade