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Coronavírus

Covid-19: estudo mostra que vacinas perdem força com a idade

AstraZeneca e CoronaVac protegem contra casos moderados e graves em idosos, mas prevenção de mortes dos vacinados recua após os 90 anos

27 ago 2021 - 17h16
(atualizado às 18h06)
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A efetividade das vacinas AstraZeneca e CoronaVac cai entre os idosos com mais de 80 anos, revela novo estudo divulgado nesta sexta-feira (27) pela Fiocruz. Os cientistas avaliaram a eficácia dos imunizantes em 75.919.840 pessoas vacinadas no Brasil entre 18 de janeiro e 24 de julho deste ano. Isso não significa que as vacinas sejam ineficazes contra o vírus, mas pode haver uma queda de proteção ao longo do tempo e necessidade de reforço. Os resultados podem ser determinantes para o planejamento de políticas públicas de vacinação entre os mais velhos.

Profissional de saúde aplica vacina contra Covid-19 em Paris
13/08/2021 REUTERS/Sarah Meyssonnier
Profissional de saúde aplica vacina contra Covid-19 em Paris 13/08/2021 REUTERS/Sarah Meyssonnier
Foto: Reuters

A pesquisa demonstrou que os dois imunizantes oferecem proteção contra casos moderados e graves de covid-19 causados pelas novas variantes de preocupação em circulação. Ao avaliar os dados por faixa etária, no entanto, constatou-se uma redução na proteção com o aumento da idade. De 80 a 89 anos, a AstraZeneca tem um índice de proteção contra a morte de 89%. O da CoronaVac ficou em 67,2%. Acima dos 90 anos, os índices ficaram em 65,4% e 33,6% .

Coordenado por Manoel Barral-Netto, o trabalho foi publicado em preprint na MedRxiv, site que distribui versões pré-publicação de artigos científicos sobre saúde. Os resultados mostram que as duas vacinas são efetivas contra a infecção, hospitalização e óbito, considerando o esquema vacinal completo (duas doses): AstraZeneca, com 90% de proteção, e CoronaVac, com 75%.

"Já suspeitávamos da influência na idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas", afirmou Barral-Neto, pesquisador da Fiocruz-Bahia. "O que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio; a intenção é fornecer dados para embasar decisões dos gestores."

Segundo o estudo, a redução da efetividade pode estar relacionada a alguns fatores. São citados a diferença das plataformas tecnológicas utilizadas em cada um dos imunizantes, a seu impacto sobre a imunogenicidade (capacidade de gerar resposta imune). Há ainda o processo natural de resposta imunológica menor entre os mais velhos, a imunoscenecência.

De acordo com os cientistas, com disponibilidade limitada de vacinas, poder identificar com mais precisão os limites de idade em que a proteção imunológica cai é crucial para a implementação de medidas de saúde pública.

"Considerando o atual cenário no Brasil, nossas descobertas demonstram a eventual necessidade de uma dose de reforço vacinal nos indivíduos acima dos 80 anos que receberam CoronaVac e naqueles acima de 90 anos imunizados com a AstraZeneca", conclui o estudo.

Os resultados podem ser importantes também para outros países que utilizam essas vacinas e não têm populações tão grandes (ou facilidade de acesso dos dados) para aferir a efetividade por faixa etária.

"É uma contribuição para a saúde pública do Brasil mas também para a de outros países que não conseguem fazer esse tipo de análise", disse Barral-Neto.

O pesquisador afirmou que o monitoramento das pessoas vacinadas continua. Na próxima rodada de divulgação de resultados, ele deverá apresentar os dados das vacinas da Pfizer e da Janssen.

Estadão
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