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Coronel Cid fez 'jogo duplo' para Bolsonaro reaver joias sauditas de R$ 16,5 mi, analisa a PF

Ex-assessor tentou a liberação de forma oficial para, depois, conseguir que as joias fossem para o acervo privado do então presidente

27 abr 2023 - 07h46
(atualizado às 07h52)
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O tentente-coronel Mauro Cid foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, um homem de confiança do ex-presidente
O tentente-coronel Mauro Cid foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, um homem de confiança do ex-presidente
Foto: Reprodução

Em meio ao caso das joias sauditas de R$ 16,5 milhões, o tenente-coronel Mauro Cid, na época assessor de Jair Bolsonaro (PL), fez ‘jogo duplo’ para retomar o conjunto e poder destiná-lo ao então presidente. De acordo com informações da TV Globo, a questão foi levantada após análises de depoimentos de testemunhas à Polícia Federal.

Com a Receita Federal, nos últimos dias do governo Bolsonaro, o tenente-coronel pediu a liberação das joias apreendidas por meio de um ofício. O procedimento burocrático que ele deu entrada apenas pode ser feito em casos de bens com destinação pública.

Em paralelo, Cid fez movimentações internas para que as joias fossem para o acervo privado de Jair Bolsonaro, caso saíssem da Receita. 

O caso das joias sauditas foi revelado em uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, que mostrou que um estojo com joias milionárias e uma escultura foram retidos pela Receita Federal em 2021, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Os itens estavam na bagagem da comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que retornava de uma viagem oficial ao Oriente Médio. Ele tentava trazer o conjunto de forma ilegal para o Brasil.

Segundo as investigações, representantes da Presidência da República teriam pressionado servidores da Receita Federal para conseguir a liberação das joias em dezembro de 2022.

Joias de três milhões de euros doadas a Michelle Bolsonaro que foram apreendidas pela Receita Federal pela tentativa de entrada ilegal no País.
Joias de três milhões de euros doadas a Michelle Bolsonaro que foram apreendidas pela Receita Federal pela tentativa de entrada ilegal no País.
Foto: Estadão

Michelle Bolsonaro diz ter recebido pacote

Durante sua participação em um evento do PL na Câmara dos Deputados, Michelle Bolsonaro afirmou ter recebido pessoalmente o segundo pacote de joias sauditas no Palácio da Alvorada, confirmando o relato de uma ex-servidora em depoimento à Polícia Federal. A declaração da ex-primeira-dama foi dada na tarde desta terça-feira, 25, na entrada do Congresso Nacional.

"Essas joias que chegaram no Alvorada foram as joias masculinas. Estão associando ao primeiro caso, quando eu falei que não sabia e não sei mesmo. Tanto que as primeiras estão apreendidas na Receita e essas do Alvorada estão na Caixa Econômica Federal."

Após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entregou à Caixa Econômica Federal as joias que recebeu de presente da Arábia Saudita em 2021. O acervo incluiria um relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard.

Ao ser questionada sobre a ilegalidade da entrada das joias no Brasil, Michelle não deu detalhes, mas disse que "foi tudo feito pelo trâmite administrativo". 

Conforme apurou o Estadão, uma ex-servidora da Presidência, ouvida pela PF, afirmou que a ex-primeira-dama teria recebido em mãos o conjunto com cinco joias masculinas, incluindo um relógio da Chopard, avaliado em R$ 800 mil.

A versão da antiga funcionária conflita com o discurso de Michelle, que até então afirmava desconhecer o conteúdo dos pacotes.

O que diz a lei?

Em 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que os ex-presidentes só podem ficar com presentes de “caráter personalíssimo”, como roupas e perfumes. De acordo com o entendimento, somente itens dessa natureza podem ser incorporados ao acervo privado do presidente da República.

"Se o presente tem um caráter personalíssimo e baixo valor monetário, como uma camisa, perfume, lenço, algo desse tipo, e preenchem os dois requisitos de baixo valor e item personalíssimo, ele pode ocupar acervo pessoal", disse o ministro do TCU, Bruno Dantas.

O tribunal também reforçou o entendimento de que bens presenteados por outros governos devem, a rigor, ser incorporados ao patrimônio público, com poucas exceções, como determinados documentos e itens de consumo, como alimentos e bebidas.

Pela lei, portanto, as joais avaliadas em R$ 16,5 milhões deveriam ser incorporadas ao patrimônio da União.

Qual o valor das joias?

Foram descobertas até aqui três caixas de joias em poder de Bolsonaro. No total, são 14 peças com um valor estimado entre R$ 17 milhões e R$ 18 milhões.

Entre os itens apreendidos estão anéis de diamantes, dois relógios, sendo que um deles é em ouro branco, e outros acessórios de luxo, como canetas rose gold.

Saiba o que havia em cada um dos kits e o valor estimado dos conjuntos:

Primeiro pacote (valor estimado em R$ 16,5 milhões)

  • Todos os itens são da marca Chopard e têm diamantes:
  • Colar
  • Anel
  • Relógio
  • Par de brincos de diamantes

Segundo pacote (valor estimado em R$ 1 milhão)

  • Todos os itens são da marca Chopard:
  • Relógio com pulseira em couro
  • Par de abotoaduras
  • Caneta rosa gold
  • Anel
  • Masbaha rose gold

Terceiro pacote (valor estimado em R$ 500 mil)

  • Relógio da marca Rolex, de ouro branco e cravejado de diamantes
  • Caneta da marca Chopard prateada, com pedras encrustadas
  • Par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro
  • Anel em ouro branco com um diamante no centro
  • Masbaha de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes
Fonte: Redação Terra
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