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Jornal acusa correio alemão de vender dados de clientes a partidos

Partido Liberal e a União Democrata teriam comprado um "bilhão de dados" na última campanha. Deutsche Post nega irregularidade.

2 abr 2018 - 08h17
(atualizado às 08h26)
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Uma subsidiária do Correio Alemão (Deutsche Post), a Deutsche Post Direkt, vendeu dados de clientes para partidos políticos alemães, apontou uma reportagem da edição dominical do jornal Bild.

Segundo a publicação, siglas como o Pardido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) e a União Democrata-Cristã (CDU) da chanceler federal Angela Merkel compraram mais de "um bilhão de dados pessoais" de 34 milhões de residências - um total de cem categorias, que incluem informações de hábitos de compras, sexo e idade - coletados pela subsidiária.

Embora os dados não incluam nomes, com tais informações sobre hábitos e características em mãos, partidos políticos podem direcionar com menor esforço seus esforços publicitários, focando em eleitores mais promissores.

Ainda segundo o Bild, a Deutsche Post já vinha oferecendo dados de eleitores a partidos políticos desde 2005 e que a CDU e o FDP gastaram "quantias de cinco dígitos" na aquisição de tais dados antes das eleições nacionais alemãs em setembro passado.

Outro lado

Em resposta, a Deutsche Post insistiu que nunca vendeu detalhes de endereços ou "domicílios" individuais, mas que os dados que oferece aos clientes - chamados pela empresa de microcélulas - garantem o anonimato e se limitam a apontar "probabilidades estatísticas". A empresa salienta que adere às rigorosas leis de proteção de dados da Alemanha.

Foto: DW / Deutsche Welle

No site da Deutsche Post Direkt, a empresa indica que oferece serviços que indicam públicos-alvo para seus clientes, incluindo informações "sócio demográficas". "Você quer conquistar novos clientes em um mercado altamente competitivo com a ajuda de mala direta?", diz o site, que informa ainda possuir um banco de dados com 46 milhões de residências pelo mundo.

Recentemente, a rede social Facebook foi criticada por não proteger os dados de mais de 50 milhões de usuários. Os dados foram usados para promover projetos políticos conservadores, incluindo a campanha do Brexit e a vitória do presidente Donald Trump nos EUA.

A CDU confirmou que comprou dados da Deutsche Post para ajudar em suas campanhas porta a porta. Segundo o partido, os dados eram anônimos, sem indicações de nomes ou com maiores detalhes. A sigla ainda insistiu que "todas as atividades digitais da CDU estão sujeitas aos regulamentos relevantes de proteção de dados".

O Partido Liberal Democrático também alegou o mesmo, dizendo que só usava dados anônimos em sua campanha eleitoral. O político do FDP, Marco Buschmann, disse no Facebook que os dados que o partido comprou da Deutsche Post "indicam apenas uma probabilidade, onde podemos encontrar um eleitor inclinado para o FDP".

Microssegmentação restrita

A prática de comprar dados para personalizar as campanhas eleitorais não é nova na Alemanha, mas a prática da microssegmentação, na qual os dados são extraídos para indicar indivíduos-alvo, é restrita na Alemanha devido aos rígidos regulamentos de privacidade da UE.

Nas últimas eleições, vários partidos lançaram mão de campanhas direcionadas. O braço bávaro da CDU, a conservadora a CSU, direcionou propagandas no Facebook para a conservadora comunidade russa-alemã da Bavária com propaganda políticas contra o "multiculturismo". Já o FDP direcionou propagandas para eleitores que assinam a Netflix. Já o partido de extrema-esquerda Die Linke enviou correspondências para residências em áreas que votaram nos populistas de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD).

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JPS/dpa/afp

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