'Cortisol face': nova tendência associa hormônio ao rosto mais redondo
O cortisol é um hormônio vital que desempenha diversos papéis no organismo humano. Ele é produzido pelas glândulas adrenais e é essencial na regulação do metabolismo, no controle do açúcar no sangue, na gestão das respostas imunológicas e de estresse, e na manutenção da pressão arterial. Sua liberação é uma resposta natural do corpo a situações de tensão, ajudando a lidar com essas pressões.
Embora indispensável à sobrevivência, os níveis de cortisol precisam ser equilibrados. Tanto a deficiência quanto o excesso de produção deste hormônio trazem implicações à saúde. O controle adequado do cortisol é crucial para o bom funcionamento do organismo e para evitar problemas de saúde associados ao hormônio.
"Se eu não tiver o cortisol de maneira adequada, toda vez que o indivíduo entra num estado de estresse, seja ele físico, químico ou apenas emocional, ele não consegue fazer essa compensação. Ele é indispensável para a nossa vida. Sem ele, morremos", afirmou a diretora do departamento de Adrenal e Hipertensão da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Milena Caldato, ao g1.
Como o estresse afeta os níveis desse hormônio?
A relação entre estresse e cortisol é complexa. Durante eventos estressantes, o corpo libera cortisol como uma resposta natural. Contudo, supor que o estresse diário conduz, por si só, a elevações constantes de cortisol e, por conseguinte, a mudanças estéticas, como um rosto mais inchado, é algo impreciso. Estudos apontam que os níveis de cortisol oscilam ao longo do dia, e não ficam elevados de maneira crônica devido apenas ao estresse cotidiano.
Alterações faciais graves relacionadas ao cortisol, como inchaço facial, estão tipicamente vinculadas a condições médicas específicas, tais como a síndrome de Cushing. Essa síndrome é caracterizada pelo excesso de produção de cortisol, o que pode ocasionar dessa aparência mais arredondada no rosto devido ao acúmulo de gordura.
O que é o "cortisol face"?
Recentemente, nas redes sociais, tem-se discutido sobre o "cortisol face", sugerindo que níveis elevados do hormônio em resposta ao estresse resultam em um rosto redondo. No entanto, não há confirmação científica desta alegação. Segundo especialistas, mudanças significativas no rosto decorrentes de elevações do hormônio são raramente vistas fora de casos clínicos significativos, como a síndrome de Cushing.
Neste contexto, é importante diferenciar alterações temporárias, como inchaço devido a alimentação ou falta de sono, de mudanças hormonais profundas. A especulação em torno do "cortisol face" parece mais um mito do que um fato embasado cientificamente.
Pessoas diagnosticadas com a síndrome de Cushing geralmente apresentam excesso de cortisol devido a causas endógenas, como tumores na hipófise. Outro fator pode ser o uso exógeno prolongado de corticoides para tratar doenças inflamatórias ou autoimunes. Nessas situações, os sintomas vão além de alterações estéticas e incluem perda de massa muscular, aumento dos níveis de glicose no sangue e maior suscetibilidade a infecções.
É essencial reconhecer que, para o diagnóstico de condições associadas ao excesso do hormônio, é necessária avaliação médica e testes específicos. A automedicação ou diagnósticos baseados em sintomas superficiais não são recomendáveis e podem levar a consequências adversas.
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