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Covas diz que oposição a Bolsonaro 'cabe à bancada do PSDB'

Em entrevista, prefeito de São Paulo criticou falta de coordenação do governo federal durante a pandemia, mas relegou papel de oposição a deputados e senadores

18 ago 2020 - 12h17
(atualizado às 12h33)
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O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou nesta terça-feira, 18, que a responsabilidade de articular a oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é dos representantes do partido na Câmara e no Senado Federal. A declaração foi feita à Rádio Eldorado.

Questionado sobre os ataques constantes de Bolsonaro a governadores e prefeitos, Covas disse entender que faltou coordenação por parte do governo federal, mas se negou a responder as falas do presidente e a se posicionar como oposição.

"Esse é um papel que cabe à bancada do PSDB na Câmara e no Senado Federal. Não cabe ao prefeito da cidade de São Paulo utilizar o seu espaço para fazer articulação política ou fazer defesa ou ataque ao presidente da República. Acho que até o meu papel é buscar o governo federal para atuar aqui na cidade. É claro que, do meu ponto de vista, faltou coordenação nesse momento de pandemia, mas o papel de oposição cabe à bancada do PSDB", disse Covas.

Segundo o prefeito, a preocupação com as articulações políticas no plano federal, principalmente em meio à pandemia, fica em segundo plano. "Brasília é outro mundo. Eu estou aqui na ponta, preocupado com a população, com atendimento lá no posto de saúde. Eu não estou preocupado com essas grandes articulações de Brasília, eu acho que não cabe a mim nesse momento", afirmou.

Eleições

O prefeito também adotou uma postura cautelosa ao comentar os preparativos para as eleições municipais deste ano. Questionado sobre a possibilidade de Marta Suplicy aparecer como vice em sua chapa à prefeitura, Covas afirmou que o nome só deve ser confirmado na última semana da convenção partidária, prevista para 12 de setembro.

"A preocupação agora ainda é fechar quais partidos devem compor a nossa aliança. Assim que definirmos, vamos sentar com todos eles para definir o nome a vice. Não tem sentido a gente escolher o nome a vice e depois não ter a participação deles nessa escolha", afirmou o prefeito.

Perguntado sobre se o nome de Marta Suplicy aparecia forte na disputa, o prefeito respondeu: "Ela e outros nomes que outros partidos políticos possam apresentar".

Ele também preferiu não comentar sobre as associações feitas por opositores entre ele e o governador de São Paulo, João Doria, criticado pelo alinhamento com Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018. "Nesse momento, não vou cair em provocação de pré-candidato. Até porque estamos enfrentando uma pandemia aqui na cidade de São Paulo, então é uma pena que eles estejam só preocupados com a questão eleitoral. Só vou falar como candidato a partir do dia 12 de setembro quando eu for escolhido como candidato."

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP / Estadão Conteúdo

Investigações no PSDB

Covas também comentou as investigações contra o senador José Serra e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, lideranças históricas do PSDB. O prefeito disse defender uma apuração dos fatos, mas pontuou diferenças entre os casos dos representantes paulistas e do deputado federal Aécio Neves, a quem pediu punição pelo envolvimento em investigações.

"A grande diferença é que no caso do ex-senador e ex-governador Aécio Neves, tem um áudio. Foi vazado aqui. Todo mundo teve conhecimento dele pedindo dinheiro à JBS. Então não havia sentido, no meu ponto de vista, aguardar o julgamento para poder, de alguma forma, ter alguma atuação partidária que pudesse suspendê-lo ou expulsá-lo do PSDB. Acho que o partido perdeu ao não tomar essa atitude, que era o que se esperava do PSDB naquele momento. E aí a gente viu a derrota do partido em 2018", afirmou.

O prefeito defendeu que as denúncias contra Serra e Alckmin sejam investigadas, mas disse ter confiança que ambos vão provar inocência no Judiciário.

Estadão
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