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Cracolândia: álcool é quase tão consumido quanto crack, segundo estudo

Substâncias costumam ser utilizadas juntas para aumentar a tolerância; uso gera combinação nociva para a saúde

3 set 2024 - 12h59
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De acordo com a Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas) da Unifesp Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o álcool é a segunda substância mais usada na Cracolândia, se aproximando do crack.

Especialistas chamam atenção para o consumo de álcool na Cracolândia
Especialistas chamam atenção para o consumo de álcool na Cracolândia
Foto: Reprodução/Agência Brasil / Perfil Brasil

Os dados se referem ao ano de 2022, e mostram que 78,9% dos frequentadores relatam o uso do crack, e 63,7% confirmam o uso de álcool. O departamento já prepara um novo relatório com base em pesquisas de campo mais recentes.

O psiquiatra Flavio Falcone, que atua na Cracolândia há 12 anos, defende que o consumo de bebidas alcóolicas pode ser ainda maior do que o de crack. Ambos são consumidos juntos com frequência por causa da alta acessibilidade da bebida.

Em uma participação em um podcast, disse que sua hipótese é baseada em sua experiência empírica. "Eu percebo que a pessoa usa o crack mais para se manter acordada do que como droga principal, por conta do preço". De acordo com o profissional, a cachaça é vendida no fluxo e nos estabelecimentos comerciais ao redor da Cracolândia. Um corote de meio litro é vendido por R$3, enquanto uma pedra de crack custa R$20.

Ao mesmo tempo, o consumo do álcool por classes dominantes pode mascarar o abuso das bebidas na Cracolândia. Falcone afirma que o problema é apagado, pois se evita reconhecer que uma substância tão popular e normalizada pode gerar tantos problemas.

Falcone liga episódios de violência à cachaça, com base na sua experiência própria. "A violência geralmente tem a cachaça como facilitador. Os sintomas de abstinência são mais severos e, às vezes, letais. É muito mais difícil tratar alguém que quer parar de usar cachaça do que alguém que usa só crack", explica.

Álcool e crack

Em entrevista ao UOL, os professores Quirino Cordeiro e Clarice Madruga, da Uniad, afirmam que não existem evidências de que o álcool seja mais consumido que o crack. Nas edições do LECUCA (Levantamento de Cenas de Uso em Capitais), não houve uma prevalência das bebidas.

Entretanto, dados do atendimento mostram que 80% dos pacientes bebem, e, destes, mais de 70% sofrem de alcoolismo moderado ou grave. O uso conjunto é comum porque as substâncias têm efeitos opostos e, consequentemente, amplificam a tolerância de cada uma.

Para o corpo, a combinação pode agravar problemas de saúde. "O uso combinado de crack e álcool resulta na formação de cocaetileno, uma substância ainda mais tóxica para o sistema nervoso, cardiovascular e hepático", detalham os professores

Embora os dados indiquem um problema, a Uniad destaca a ausência de políticas públicas direcionadas especificamente ao combate do consumo de álcool na Cracolândia. As ações atuais são voltadas principalmente para a repressão do comércio ilegal, como a venda de corotes, sem estratégias específicas de redução de danos para o álcool.

Perfil Brasil
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