Crianças morrem a cada duas horas em campo de deslocados do Sudão, denuncia ONG
Desde abril de 2023, o Sudão enfrenta uma guerra entre forças do governo e paramilitares que já causou mais de 10 mil mortes O post Crianças morrem a cada duas horas em campo de deslocados do Sudão, denuncia ONG apareceu primeiro em AlmaPreta.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou nesta segunda-feira (5) uma "situação catastrófica" no campo de deslocados de Zamzam, em Darfur, Sudão, onde uma criança morre a cada duas horas. Claire Nicolet, responsável pela resposta de emergência da MSF no Sudão, informou que estima-se que 13 crianças morrem diariamente no campo, com risco iminente de morte para aquelas que sofrem de desnutrição grave e não recebem tratamento.
Quase 25% das crianças examinadas apresentam desnutrição grave, sendo que quase 40% das crianças entre seis meses e dois anos enfrentam esse problema. A taxa bruta de mortalidade no campo, abrigando entre 300 mil e 500 mil pessoas, é "extremamente preocupante", com 2,5 mortes por 10 mil pessoas por dia, mais que o dobro do limiar de emergência, segundo a MSF.
Desde 15 de abril de 2023, o Sudão enfrenta uma guerra entre o Exército do general Abdel Fattah al Burhan e as Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohammed Hamdan Daglo. O conflito já causou milhares de mortes, com até 15 mil apenas em uma cidade de Darfur, de acordo com a ONU. Claire Nicolet ressaltou que, antes do conflito, os habitantes do campo dependiam fortemente da ajuda internacional, mas hoje estão praticamente abandonados.
Especialistas da ONU alertaram que quase 9 milhões de pessoas deslocadas internamente no Sudão "vivem em condições desastrosas". Cerca de 25 milhões de pessoas, incluindo 14 milhões de crianças, necessitam urgentemente de ajuda humanitária no Sudão.
ONU denuncia genocídio étnico no Sudão
Um relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) denuncia que entre dez e 15 mil pessoas foram mortas em 2023 na região de Darfur, em decorrência da violência étnica das Forças Paramilitares de Apoio Rápido (RSF, na sigla inglesa) e milícias árabes aliadas.
O documento também relata as experiências de civis que conseguiram escapar da cidade e passaram por postos de controle das RSF. Os depoimentos apontam que homens e mulheres eram assediados, roubados, agredidos, violentados física e sexualmente e assassinados a sangue frio.
Segundo a ONU, a guerra na região entre o Exército sudanês e as RSF já deixou cerca de cinco milhões de desabrigados e 1,2 milhão fugiram para países vizinhos.
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