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Crianças perdidas na selva na Colômbia têm destino incerto

18 mai 2023 - 08h08
(atualizado às 17h07)
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Presidente colombiano pede desculpa por anunciar resgate e diz que seguem as buscas pelas quatro crianças. Menores do povo indígena uitoto desapareceram há mais de duas semanas na Floresta Amazônica após acidente aéreo.O destino de quatro crianças que estão há 17 dias desaparecidas após a queda de um avião monomotor no sul da Colômbia segue incerto nesta quinta-feira (18/05), depois que o presidente do país, Gustavo Petro, apagou um tuíte afirmando que os menores haviam sido resgatados.

A Floresta Amazônica na região de Guaviare, onde ocorreu o acidente com o avião monomotor
A Floresta Amazônica na região de Guaviare, onde ocorreu o acidente com o avião monomotor
Foto: DW / Deutsche Welle

Na quarta-feira, o líder colombiano tinha informado que as quatro crianças - de 13, 9 e 4 anos, além de um bebê de 11 meses - haviam sido encontradas com vida, graças às árduas buscas dos militares.

"Decidi excluir o tuíte porque as informações fornecidas pelo ICBF não puderam ser confirmadas. Sinto muito pelo que aconteceu. As Forças Armadas e as comunidades indígenas continuarão em sua busca incansável para dar ao país a notícia que tanto espera", escreveu Petro, citando o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF), responsável pela proteção de menores no país.

"Neste momento não há outra prioridade a não ser seguir em frente com a busca até encontrá-los. A vida das crianças é o mais importante", completou.

Sem contato oficial

As quatro crianças do povo indígena uitoto desapareceram na selva amazônica após a queda, em 1º de maio, do pequeno avião Cessna 206. Elas viajavam com a mãe, de 33 anos, e outros dois adultos, cujos corpos foram encontrados no local do acidente.

Na quarta-feira, o ICBF comunicou ter recebido informações "de campo" de que as crianças tinham sido encontradas em bom estado de saúde. A nota do instituto indicava que as crianças foram localizadas, mas não pelas equipes de resgate. As Forças Armadas, que lideram as buscas, não confirmaram a localização.

Já nesta quinta, o ICBF retuitou a nova mensagem de Petro e reforçou que ainda não houve contato oficial com as crianças.

A diretora do órgão, Astrid Cáceres, disse que fontes locais relataram que as crianças estariam em uma comunidade indígena na região, mas que a informação ainda não pôde ser confirmada oficialmente. "Temos a esperança de que assim seja, mas estamos esperando a confirmação", afirmou Cáceres.

Petro ordenou nesta quinta-feira que a diretora do ICBF viaje à região para continuar as buscas pelas crianças.

Famílias pedem respeito

Por sua vez, os familiares das crianças desaparecidas rejeitaram a desinformação que circulou sobre o resgate e pediram respeito diante das falsas expectativas que foram geradas.

"A saúde física e emocional não é um jogo que se apaga e/ou se esquece facilmente", afirma um comunicado das famílias divulgado pela mídia local.

O texto acrescenta: "A perseguição da mídia para dar declarações não apenas desrespeita nossos direitos, mas também é violenta e alimenta a dor".

Os parentes ainda agradeceram às entidades que ajudam nas buscas, e pediram que as causas do acidente sejam investigadas. "Solicitamos a todas as entidades competentes que realizem as devidas diligências e as investigações em curso para apurar as causas do acidente", conclui o comunicado.

Operação Esperança

Mais de cem militares, auxiliados por cães farejadores, estiveram empenhados nas buscas, que foram intensificadas após a descoberta de pistas que sugeriam que as crianças ainda podiam estar vivas.

A Força Aérea uniu-se à chamada Operação Esperança com três helicópteros, que sobrevoam a selva densa. Um deles carrega um alto-falante "capaz de cobrir uma área de cerca de 1.500 metros" com uma mensagem gravada pela avó das crianças. Na língua uitoto, a mulher diz aos netos que estão sendo procurados e pede que não continuem avançando pela selva.

A localização de uma tesoura escolar, uma fita de cabelo, uma mamadeira e a casca de um maracujá, no meio da mata, deu esperança às equipes de resgate, que, na terça-feira, também descobriram um abrigo improvisado feito de gravetos e galhos e acreditavam que haveria pelo menos um sobrevivente.

Causa do acidente desconhecida

O Cessna 206 havia desaparecido dos radares em 1º de maio nas proximidades de San José del Guaviare, capital do departamento de Guaviare e um polo urbano da selva amazônica colombiana, para onde deveria ir.

As causas do acidente ainda não foram determinadas. Segundo a defesa civil, o piloto havia relatado problemas no motor do avião antes de este desaparecer dos radares.

Segundo a Organização Indígena da Colômbia, os uitoto vivem em harmonia com as condições hostis da Amazônia e preservam tradições como a caça, a pesca e a coleta de frutas silvestres.

as,ek (Lusa, AFP, Efe, ARD, Reuters, ots)

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