Crise inflacionária na Rússia transforma manteiga em item de luxo
Nos últimos anos, a Rússia tem experimentado uma inflação desenfreada, expondo os efeitos colaterais de uma economia direcionada pela guerra. De acordo com dados oficiais, enquanto manteiga, carnes e cebolas acumulam aumentos de preços superiores a 25% em relação ao ano passado, supermercados implementam medidas incomuns, como armazenar manteiga em armários trancados devido a roubos registrados. A inflação geral no país já ultrapassa os 10%, bem acima das expectativas do banco central.
Os salários, impulsionados pela competição entre setores, são um dos motores desse cenário. A guerra na Ucrânia exige bilhões em investimentos militares e desloca milhões de trabalhadores para as linhas de frente, deixando empresas civis sem opção além de oferecer remunerações mais altas e repassar os custos para o consumidor.
Superaquecimento econômico e escassez de mão de obra na Rússia
De acordo com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a escassez de mão de obra é um dos maiores entraves ao crescimento econômico. Ele destacou que setores como construção e manufatura têm uma necessidade urgente de trabalhadores — cerca de 1 milhão de vagas abertas. Apesar de uma taxa oficial de desemprego de 2,4%, ou "praticamente nenhum desemprego", segundo a fala de Putin, que ocorreu no início deste mês, a realidade é que a mão de obra está concentrada em atividades militares.
Para tentar conter a inflação, o banco central russo elevou a taxa de juros para um recorde de 21% em outubro. No entanto, economistas alertam que a pressão inflacionária deve se intensificar, comprometendo ainda mais as empresas. O Alfa Bank, um dos principais bancos do país, já prevê que os juros possam chegar a 23% em breve, agravando o risco de falências.
No centro desse superaquecimento está o orçamento militar, que continuará a crescer. Em 2025, os gastos com defesa somarão um terço das despesas do governo e 6,3% do PIB, dobrando os recursos destinados a benefícios sociais e pensões. Especialistas alertam que, enquanto a economia registra crescimento em números, a qualidade de vida da população segue estagnada, sem avanços significativos em infraestrutura, saúde ou educação.