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Crise no PSL aumenta e deputados abrem guerra para indicar novo líder

17 out 2019 - 08h25
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Em mais uma etapa da crise no PSL, parte da bancada de deputados do partido do presidente Jair Bolsonaro anunciou na noite de quarta-feira a derrubada do Delegado Waldir (GO) da liderança da legenda e a nomeação de Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, em seu lugar.

Deputado Eduardo Bolsonaro
12/08/2019
REUTERS/Amanda Perobelli
Deputado Eduardo Bolsonaro 12/08/2019 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

No ápice até o momento da crise que o partido enfrenta, com troca de acusações e traições de ambos os lados, Eduardo também foi destituído da liderança pouco após ser nomeado, e logo depois foi recolocado novamente na posição.

A indicação dos líderes de bancada costuma ser feita uma vez ao ano por votação, mas pode haver troca através da apresentação de listas de assinatura à secretaria da Mesa da Câmara, desde que os deputados consigam maioria simples na bancada.

Na noite de quarta-feira, os parlamentares dissidentes do PSL apresentaram uma lista com 27 assinaturas indicando Eduardo como líder -- apenas um a mais que o mínimo necessário na bancada de 53 deputados. Em seguida, parlamentares ligados a Waldir apresentaram uma segunda lista, com 32 nomes.

"Depois que apresentamos a primeira lista com os 27 nomes, o Waldir protocolou uma lista com 32 nomes, que ele já tinha colhido assinatura antes, dos quais cinco assinaram a nossa. Protocolaram essa lista para tentar destituir a nossa, mas nós já tínhamos uma segunda lista e protocolamos promovendo de novo Eduardo para a liderança", disse à Reuters a deputada Carla Zambelli, uma das líderes do grupo dissidente.

As duas listas terão ainda que ser checadas pela administração da Casa e a autenticidade das assinaturas, conferida. Em princípio, a lista que vale é a última apresentada, se não houver erros. Mas a troca precisa ser chancelada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para entrar em vigor.

O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), disse em entrevista que a decisão dos parlamentares foi tomada pelas ações de Waldir, que passou a trabalhar contra o governo, citando a decisão do parlamentar de orientar obstrução na noite de terça-feira quando a Câmara tentava votar a medida provisória de reestruturação de ministérios, que caducava na quarta.

"Diante disso a maioria nesse momento decidiu destituir o líder atual e nomear o nosso novo líder", afirmou.

Zambelli explicou que a escolha de Eduardo foi por se tratar de um nome que ajudaria a atrair mais parlamentares para o lado dos dissidentes. Durante o dia, o próprio presidente Jair Bolsonaro teria entrado em campo para atrair votos para seu filho.

Mais cedo, Waldir acusou o presidente de chamar deputados no Planalto e de ligar para outros tentando convencê-los das vantagens de ter Eduardo como líder.

"O presidente da República está ligando para cada parlamentar e cobrando o voto no filho do presidente", disse Waldir a jornalistas. "Ele age pessoalmente ao chamar vários parlamentares e ligar pessoalmente para vários deputados com essa pressão psicológica dessa questão de cargos e outras situações."

No final da noite, o jornal O Globo publicou o áudio de uma dessas falas do presidente, em que ele aparece dizendo que faltaria apenas uma assinatura para "tirar o líder" e ressaltando que o líder do partido e o presidente tem o poder de "indicar pessoas, de arranjar cargos no partido, promessa para fundo eleitoral por ocasião das eleições."

O Planalto não comentou a gravação.

A disputa pelo poder no PSL vem crescendo há algumas semanas, mas ganhou publicidade na semana passada, quando Bolsonaro foi gravado ao dizer para um apoiador para "esquecer o PSL" e que o presidente nacional da sigla, Luciano Bivar, estava "queimado". Na terça-feira, Bivar foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal em investigação sobre suspeita de fraudes no uso de recursos do fundo partidário em candidaturas-laranjas do partido. Ele nega irregularidades.

Parlamentares insatisfeitos se reuniram com o presidente e se iniciou um movimento para tentar encontrar uma solução para uma debandada do partido mas que não colocassem em risco o mandato dos parlamentares que, ao trocar de sigla, podem ser atingidos pela lei da fidelidade partidária.

Nesta quarta, ao ser indagado sobre a crise, Bolsonaro disse que não estava falando nada sobre PSL e que não queria "tomar" o partido de ninguém.

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