De olho em 2026, Zema escancara interferência política nas forças policiais
Governador mudou chefe da Polícia Civil em busca de maior apoio político na Assembleia Legislativa
De olho na disputa presidencial de 2026, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), aumentou a interferência política nas forças policiais com a expectativa de reforçar sua base de apoio na Assembleia Legislativa e nas prefeituras mineiras.
Nas palavras de um dos principais articuladores de Zema no Legislativo, o governador mineiro precisou entregar mais cargos neste segundo mandato, porque “aprendeu a fazer política”.
No afã de obter maior apoio político, Zema apressou a saída do chefe de Polícia Civil, delegado Joaquim Francisco Neto e Silva, que acabou exonerado na véspera do Carnaval. Por acordo, ele só deixaria o cargo em abril, mas teve sucessivos embates com a articulação política do governo estadual.
Pouco antes de ser demitido, Silva exonerou o delegado regional de Araxá, cidade natal de Zema. A manutenção desse delegado no cargo tinha sido solicitada pelo deputado estadual João Bosco (Avante), ex-presidente da Câmara Municipal de Araxá e um dos atuais vice-líderes do governo Zema. A mudança foi a gota d'água para trocar o comando da Polícia Civil e, assim, melhorar a relação do governo com deputados.
Zema está preocupado em criar uma base política coesa não só para aprovar privatizações de estatais, sua principal aposta política, mas também para eleger prefeitos aliados nas eleições municipais de 2024. O objetivo é garantir palanques e uma coalizão ampla para viabilizar sua candidatura presidencial em 2026.
Até agora, mesmo aliados avaliam que faltam entregas e vitrines políticas para Zema apresentar em uma disputa presidencial.
Antes dessa mudança na Polícia Civil, Zema já tinha usado a cúpula da Polícia Militar como moeda de troca política para se aproximar do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e tentar eleger um aliado governista para a presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
O governador chegou a anunciar a nomeação de um coronel, apoiado pelo deputado Caporezzo (PL), para a chefia de Estado-Maior da Polícia Militar. Mas o secretário de Governo, Igor Eto, exigiu, em troca da nomeação, uma promessa gravada de voto no candidato governista para o comando do Legislativo. O deputado denunciou a cobrança como “chantagem” e a nomeação foi abortada, o que contribuiu para o fracasso da tentativa de Zema de eleger um aliado para o comando da Assembleia Legislativa.