PF investiga como arte sacra foi parar em coleção de banqueiro no Rio
Pouco antes de leilão, polícia apreendeu peça roubada de igreja na Baixada Fluminense
A Polícia Federal investiga como uma obra de arte sacra acabou na mansão do banqueiro Jorge Brando Barbosa (1919-2002), hoje sede do Instituto Brando Barbosa, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio de Janeiro.
A peça é uma imagem de querubim, produzida no século 18 como adorno de um altar da Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Iria à leilão no dia 15 de fevereiro às 19h.
Só que a venda foi cancelada porque a Diocese de Duque de Caxias reconheceu a obra de arte e acionou a Polícia Federal e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Depois de comunicada, a PF apreendeu a peça para que seja periciada. Se confirmada a origem, será devolvida à igreja.
Quem achou o querubim à venda foi a historiadora de arte Elaine Gusmão, integrante da Comissão de Bens Culturais e Artes Sacras da Diocese de Duque de Caxias.
A obra de arte foi enviada para leilão com outros itens do acervo do Instituto Brando Barbosa, criado pela viúva do banqueiro, Odaléa Brando Barbosa (1927-2019). O casal era considerado dono da maior coleção de arte sacra do Brasil, com cerca de 6 mil peças, e relatou em vida que comprou esses objetos em antiquários, fazendas e igrejas do interior do Brasil.
A polícia deve agora tentar identificar como essa obra de arte acabou no acervo do casal. O Iphan trata como propriedade estatal o patrimônio da Igreja Católica que foi produzido até a Proclamação da República em 1889.
A coluna teve acesso a uma nota técnica na qual o Iphan afirma que o querubim "é o mesmo que adornava" a igreja de Duque de Caxias. Essa análise foi concluída na segunda-feira, 27.
Esse reconhecimento só foi possível porque no processo de tombamento foram feitas fotografias que permitiram mapear o patrimônio roubado. Construída no século 18 com recursos da coroa portuguesa e de doadores privados, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar é tombada desde 1938 pelo Iphan.
A Diocese de Duque de Caxias tenta recuperar parte dos objetos roubados da igreja. Outras peças também foram achados com colecionadores privados nos últimos anos.