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'Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar', diz Bolsonaro sobre coronavírus

'Estado' pede que Secom apresente os resultados dos exames realizados pelo presidente; ministro da saúde defende sigilo

20 mar 2020 - 18h20
(atualizado às 18h26)
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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar nesta sexta-feira, 20, a pandemia da covid-19, que já matou mais de 10 mil pessoas no mundo, e tratou a doença como uma "gripezinha". "Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar", disse o presidente após o Estado questioná-lo, em entrevista no Palácio do Planalto, a razão de ele não tornar público os resultados dos seus exames.

Bolsonaro teve contato com auxiliares que já foram diagnosticados com o coronavírus nos últimos dias, como o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Segundo divulgou em suas redes sociais, porém, os dois primeiros testes feitos pelo presidente deram negativo.

Há uma semana, o Estado pede que a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) apresente os resultados dos exames já feitos pelo presidente, mas até esta sexta-feira, 20, não obteve resposta.

O presidente voltou a afirmar que, caso receba orientação médica, poderá fazer um novo exame. Mais cedo, ele afirmou que pode já ter contraído o vírus. "Fiz dois testes, talvez faça mais um até, talvez, porque sou uma pessoa que tem contato com muita gente. Recebo orientação médica", disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada pela manhã. "Toda família deu negativo aqui em casa. Talvez eu tenha sido infectado lá atrás e nem fiquei sabendo. Talvez. E estou com anticorpo."

Mandetta defende sigilo de exames do presidente

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que acompanhava Bolsonaro na entrevista no Planalto, defendeu o sigilo sobre os resultados dos exames. "Os exames do paciente são do paciente. São da sua intimidade. A gente não faz divulgação nem do seu, nem do meu, nem do de ninguém", disse Mandetta.

Ao todo, 22 pessoas que o acompanharam na viagem que fez aos Estados Unidos, na semana passada, contraíram o coronavírus. Entre eles, assessores próximos e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que se reuniu três vezes com Bolsonaro no dia anterior a ser diagnosticado com a doença.

Mesmo assim, o presidente disse que pretende manter sua rotina de trabalho. No domingo, 15, Bolsonaro ignorou a orientação para ficar em isolamento e participou de manifestações de rua a favor do governo e contra o Congresso. Na ocasião, segundo levantamento do Estado, teve algum tipo de contato com 272 pessoas.

O contato com uma pessoa infectada é uma das formas de transmissão do coronavírus. O presidente foi criticado por infectologistas e até por aliados por expor os manifestantes ao risco de contaminação pela covid-19.

O presidente, que completa 65 anos neste sábado, 21, disse que fará uma festa de aniversário em casa, restrita a familiares.

Estadão
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