As mudanças necessárias no ensino e o conceito híbrido
Assim como as profissões tradicionais estão sendo rapidamente redefinidas no mercado atual, os sistemas de ensino precisam se adaptar para atender à crescente demanda por habilidades duráveis e ao ciclo de utilização cada vez mais curto das habilidades técnicas. E o maior desafio está em atender a demanda cada vez mais latente por um ensino mais envolvente e mais digital.
O crescimento significativo do mercado de educação a distância mostra a necessária mudança na tradicional forma de ensinar. De acordo com dados da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), o número de alunos matriculados nessa modalidade quase que dobrou em menos de dez anos, resultando 1.756.982 de matrículas em 2017, contra 838 mil em 2009.
O censo realizado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) em 2018, mostra que as matrículas em EAD no Brasil cresceram em 26,1% entre 2015 e 2017, enquanto na modalidade presencial houve uma queda de 1,6% no mesmo período.
Tal crescimento na modalidade a distância redefiniu também o perfil acadêmico do aluno que busca uma formação. E o fato é que não há mais espaço para aulas intermináveis e unilaterais professor-aluno. Nem há tempo para isso. A vida digital totalmente conectada a dispositivos móveis inteligentes redefiniram o papel do professor nas salas de aulas, tanto presenciais como online.
A interação de alunos em cursos a distância, especialmente quando se utiliza um ambiente virtual de aprendizagem, pode trazer diversos benefícios, como o maior engajamento dos estudantes, melhor acompanhamento do progresso da turma, além da participação em atividades e fóruns de debate que colaboram para uma formação profissional que prevê habilidades duráveis e não apenas técnicas.
Do outro lado da moeda, para o professor, a vantagem é tão ou mais significativa. A melhor utilização da tecnologia acontece quando ela permite que os professores façam o que sabem fazer de melhor: ensinar. Em plataformas digitais, os professores precisam estar preparados para lidar com as novas tecnologias - e tudo o que ela pode trazer de facilidades ao seu dia a dia -, bem como considerar a natureza peculiar da nova pedagogia de ensino online.
Alinhada a esta nova pedagogia, a tendência que mais ganha espaço entre os profissionais e instituições de ensino é o ensino híbrido, que é união da educação tradicional e daquela suportada por tecnologias online, para explorar ao máximo as capacidades e o potencial dos alunos, além de manter o interesse do mesmo, seja na instituição de ensino, seja em casa ou em qualquer outro local fazendo o uso de Ambientes Virtuais, conhecidos como AVA.
O ensino híbrido possui características únicas, que diferem do conceito já conhecido de semipresencialidade. Algumas ferramentas podem ser amplamente exploradas a fim de incluir os recursos tecnológicos para personalização e complemento das aulas. Tais como:
• Rotação por Estações: Ocorre quando a sala de aula é dividida em estações de trabalho, cada qual com seu início, meio e fim, para que os alunos possam começar de qualquer ordem, mas sendo todas ligadas a um tema central, e ao menos uma das estações deve utilizar tecnologias de educação, como o AVA para aplicação de questionários, jogos ou fazer os alunos participarem do fórum, por exemplo;
• Sala de Aula Invertida: A explanação do conteúdo tem a ordem invertida e primeiro os alunos buscam referências e materiais a respeito do conteúdo sugerido pelo professor, podendo inclusive responder um questionário para avaliar o nível do conteúdo antes de ir para a aula. Neste modelo ocorre um aprofundamento da matéria e do conhecimento, já que os alunos e o professor têm mais tempo para debaterem juntos o conteúdo durante a aula;
• Laboratório Rotacional: Trata-se de um dos modelos mais conhecidos dentro do ensino híbrido, onde o objetivo é dividir os alunos nos dois espaços de trabalho existentes: o convencional (sala de aula) e o ambiente virtual de aprendizagem.
Ensinar por meio dessas ferramentas pode ser um passo significativo e estratégico para o processo de aprendizado orgânico e mais acessível, tanto para alunos quanto para o próprio educador. E ser acessível não é o único diferencial do modelo híbrido. Trata-se do formato que melhor se adapta à realidade dos alunos hoje.
Ministrar uma aula no modelo híbrido, com recursos tecnológicos, é uma verdadeira oportunidade de alcançar os alunos de maneiras antes vistas como difíceis ou impossíveis.
A educação precisa de modelos disruptivos para uma economia igualmente dinâmica e constantemente inovadora. Trata-se de uma ótima ocasião para participar de sua evolução e de compartilhar experiências, entusiasmos e dedicação, para deixar o ensino mais atraente e mais acessível a uma quantidade cada vez maior de alunos.
Por Peterson Theodorovicz, Diretor da D2L Brasil