Brasil é o país que mais acredita em fake news no mundo
Levantamento feito pelo Instituto Ipsos, aponta que país está a frente de Arábia Saudita e Coréia do Sul
Mais de 120 milhões de brasileiros acreditam em fake news, segundo levantamento do Instituto Ipsos, divulgado no dia 2 de outubro. Segundo os dados, 62% dos brasileiros acreditam em notícias falsas, seguidos de Arábia Saudita e Coreia do Sul (58%) e peruanos e espanhóis (57%). A pesquisa mundial, feita entre junho e julho, ouviu 19.243 pessoas em 27 países e revelou que 58% dos consultados se acham capazes de identificar as fake news. Apenas 28%, na média mundial, admitem que não o são. Os italianos são o povo mais desconfiado: Apenas 29% admitem que já caíram nas falsas notícias. "A pesquisa mostra que houve uma redução da confiança nos políticos e um aumento no uso indevido dos fatos", diz o Ipsos.
As fake news se espalham de maneira quase que orgânica pelas redes sociais, como Facebook, e plataformas digitais, como WhatsApp e YouTube. Sem ao menos checar em uma pesquisa rápida no Google, uma pessoa repassa o que recebeu a outra e assim sucessivamente, até que algo que não é verdade, é tida como tal por milhões de pessoas, exemplo disso foi o que aconteceu com a mineira Alline Parreira, 28 anos. Enxurrada de mensagens a associando ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), a palestrante internacional usou as redes sociais para esclarecer que não apoia e nunca apoiou o candidato. Segundo ela, em junho, palestrou na Cuny University (Em Nova Iorque, Estados Unidos), e contou com a participação do candidato a deputado federal Paulo Guedes (PT-MG), homônimo ao braço-direito de Bolsonaro. Desde que a campanha iniciou, internautas confusos teriam deturpado a informação e começaram a divulgar nas redes sociais que ela estaria apoiando o apoiador do presidenciável e ele, consequentemente.
"Todo dia vem alguém me acusar, me chamar de hipócrita porque sempre defendi os governos de Lula e Dilma, dizem que eu me vendi por causa das notícias e informações falsas", reclama. "Existem várias Allines, vários Joãos, várias Marias, vários Paulos. O Paulo Guedes que faz parte do meu programa de palestras não é o guru econômico do presidenciável Jair Bolsanaro (PSL) e sim, o deputado estadual mais votado do estado de Minas Gerais, que também é meu amigo e conterrâneo da comunidade São José das Traíras, que fica localizada no município de Manga, no norte de Minas, e hoje é candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores", esclarece.
Alline, que é militante de movimentos negros e feministas há mais de 10 anos, se chocou ao saber que seu nome estava sendo associado a Bolsonaro, já que sempre demonstrou contra os posicionamentos do candidato. "Quando veio o governo Lula, a mudança e a oportunidade vieram juntas. Sendo assim, uma das primeiras conquistas foi ver Paulo Guedes ser diretor do DNOCS, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, e eu chegando a estudar, e hoje podendo ter conhecido diversos lugares, além de ter palestrado nos Estados Unidos", relembra.
Mudanças de paradigmas
Nem todo conhecimento vem de livros, e Alline Parreira é a prova viva disso: Nascida no sertão mineiro, no Município de Manga, adotada ilegalmente na barriga de sua mãe biológica por uma mulher intersexual. Adotada novamente aos três meses de idade por uma mulher branca idosa. Alline seguiu, pobre, preta, lutando contra racismo e preconceito na construção de seu gênero e da sua aceitação identitária como mulher negra sem referência racial em sua família adotiva. Ela viu sua vida mudar após políticas afirmativas, implementadas nos governos de Dilma e Lula, mas para se manter estudando, continua limpando casas e cuidando de crianças.
Segundo a OIT, Organização Internacional do Trabalho, existem mais de 3 milhões de empregadas domésticas no Brasil, e são essas mulheres que Alline convoca: "Eu gostaria de convidar todas as faxineiras e empregadas domésticas deste Brasil a se mobilizarem, politizarem e escolherem seus candidatos com cautela. Pesquisem sobre em quem irão votar, pesquisem suas trajetórias. Quem não fez nada pelos pobres, não deve jamais ser nossa opção. A maioria das empregadas domésticas possui baixa escolaridade, precisamos votar em quem apoie nossas causas: Queremos Educação de qualidade para nossos filhos, o fim do assédio moral e sexual, o fim da baixa remuneração, reconhecimento da profissão, mesmos direitos que os demais trabalhadores: horas extras, salário família, seguro desemprego, FGTS e segurança no trabalho", afirma Alline.