Busca por sêmen e óvulos importados cresce e São Paulo encabeça lista de casais interessados
Mulheres realizando o sonho da maternidade graças a importação de sêmen e óvulos é uma realidade cada vez mais comum no Brasil, especialmente em São Paulo. O Estado foi responsável por receber 72% do total de amostras seminais enviadas para o País em 2017, conforme dados do segundo Relatório de Dados de Importação de Células e Tecidos Germinativos para Uso em Reprodução Humana Assistida, divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
A pesquisa aponta que, em todo o Brasil, foram emitidas 377 anuências referentes à importação de sêmen em 2015, contra 860 em 2017, o que representa um crescimento de 128%. No caso dos óvulos, o aumento foi ainda maior, chegando a 1.359%, considerando o salto de 22 amostras de oócitos (2015-2016) e para 321 (2017).
"Nós percebemos no consultório que muitas mulheres já pensam em ter um doador de outro país e se organizam para isso. Acredito que essa tendência tenha relação com a maior oferta de material importado, inclusive com mais opções e características do doador para a paciente ver e escolher", detalhe o médico especialista em Medicina Reprodutiva, Vinícius Stawinski.
A opinião do profissional vai ao encontro as justificativas apontadas pelo relatório. De acordo com a Anvisa, o aumento da divulgação dos bancos internacionais e da disponibilidade da importação deste tipo de material e, no caso das amostras de sêmen, a maior disponibilidade de informações sobre a família do doador, inclusive com relatos de doenças pré-existentes, fazem a diferença no momento em que o casal resolver optar pelo material importado.
O documento aponta ainda a existência de poucos bancos de sêmen no Brasil, o que, na maioria das vezes, resulta na dificuldade de se encontrar amostras com as características pretendidas pelos futuros pais.
Público
A crescente procura por doadores estrangeiros é registrada, principalmente, por casais heterossexuais, além de casais homoafetivos e mulheres que desejam uma produção independente.
Stawinski ressalta que, apesar da maior opção de amostras importadas para a realização de procedimentos da Medicina Reprodutiva, como a inseminação ou a fertilização, sêmen e óvulos de doadores internacionais não aumentam ou reduzem as chances da paciente engravidar. "O importante é a saúde do doador", acrescenta.
São Paulo
O destaque para São Paulo sendo o maior importador de óvulos e amostras seminais do País se deve ao fato do Estado abrigar grande parte das clínicas de Medicina Reprodutivas brasileiras, inclusive aquelas com maiores recursos e opções de tratamento.
Em seu estudo, a Anvisa destaca que, em 2017, das 860 amostras de sêmens encaminhadas ao Brasil, 623 vieram para a região Sudeste, seguida pelas regiões Sul (112), Nordeste (73), Centro-Oeste (49) e Norte (3).
Indicações
O sêmen doado é utilizado para inseminação e para fertilização in vitro. Nesses processos, o espermatozoide deve fecundar o óvulo de outro casal.
"No primeiro procedimento, ele é colocado dentro útero da mulher que já passou pela indução de ovulação, enquanto no segundo método o óvulo é fecundado em laboratório e transferido para o útero da futura mãe ou da barriga solidária", explica o médico. O uso de amostras doadas é indicado em caso de baixa contagem de espermatozoides, morfologia espermática pobre, problemas na ejaculação, entre outros fatores.
Na doação de óvulos, o material é utilizada no processo de fertilização in vitro. "A ovodoação, de maneira bem simplificada, consiste em utilizar óvulos de uma doadora anônima, jovem, que tenha maior compatibilidade com a paciente receptora", destaca. Segundo o especialista, algumas mulheres podem apresentar dificuldade de engravidar mesmo com as técnicas da reprodução humana devido a problemas nos seus óvulos, entre eles baixa reserva ovariana, estar na menopausa, apresentar falência ovariana prematura e também alterações genéticas.
Dr. Vinícius Stawinski
Dr. Vinícius Stawinski possui Graduação em Medicina pela Faculdade Evangélica do Paraná (2011), com residência em Ginecologia e Obstetrícia. É médico especialista em Reprodução Humana pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2015) e em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia em 2015. Atualmente é mestrando em Reprodução Humana pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e atende paciente em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná (Londrina, Apucarana e Maringá).
Website: http://www.drviniciusstawinski.com.br