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Como identificar problemas de audição e treinar as habilidades auditivas

7 ago 2017 - 12h13
(atualizado às 15h44)
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É tão automático o processo de escuta que não nos damos conta de que para chegar no cérebro o som percorre um interessante caminho.

As ondas sonoras são coletadas pelo pavilhão auricular e transportadas através do canal auditivo externo até o tímpano que vibra quando tocado pelo som. Três pequenos ossos: martelo, bigorna e estribo, conhecidos como ossículos, formam uma ponte entre o tímpano e a orelha interna e vibram em resposta aos movimentos do tímpano e, assim, amplificam e encaminham o som através da janela oval, que é uma entrada para orelha interna onde fica a cóclea, que é similar a uma concha de caracol. Ela contém inúmeras membranas repletas de fluídos que começam a se mover, estimulando as pequenas células nervosas, chamadas células ciliadas que enviam impulsos elétricos através do nervo auditivo ao cérebro, aonde eles serão interpretados como som.

"Ouvir não é a mesma coisa que escutar, quem "ouve" é o ouvido, que capta o som e, quem "escuta" é o cérebro, que interpreta o som. Toda esta engrenagem, que envolve desde o ouvido até áreas específicas do cérebro, precisa funcionar em perfeito estado para garantirmos um bom processo de interpretação da mensagem que foi dita", explica a fonoaudióloga especialista em audiologia, Katya Freire.

Fatores de risco e diagnóstico

Se algum dos componentes dessa engrenagem forem afetados ao longo da vida a nossa capacidade de ouvir e escutar pode ficar comprometida.

Existem diversos fatores que podem causar perda auditiva como, perfuração da membrana timpânica, cerume no conduto auditivo externo,

fluído na orelha média, infecção de orelha média, em geral conhecidas como otites médias, além de exposição a níveis de pressão sonora elevados, reação a drogas, traumatismos, fatores genéticos, o desgaste natural pela idade, entre outros casos.

Segundo Katya Freire alguns sintomas são característicos e podem ajudar a identificar a perda auditiva:

- Quando alguém fala seis e a pessoa entende três.

- Dificuldade de compreender o que foi dito em situações de ruído

- Pedir com frequência para a pessoa repetir o que falou, o famoso ¨Hã?"

- Quando os outros reclamam que a pessoa está ouvindo TV ou rádio muito altos e ela acha que está normal

- Dificuldade para compreender quando a conversa tem mais de uma pessoa

Ao identificar que existe alguma perda de audição é preciso avaliar qual o motivo e em que estágio se encontra, pois nem toda perda auditiva é permanente, têm problemas de audição que são passíveis de tratamento médico ou cirúrgico.

"Na maioria dos casos de perdas auditivas sensório neurais, a tecnologia pode ajudar muito, e a adaptação de próteses auditivas são muito indicadas para amplificação da fala, tornando possível a compreensão. No entanto, somente essa amplificação não é suficiente para proporcionar uma boa compreensão da fala, principalmente em situações de ruído", esclarece a fonoaudióloga.

Treinar para escutar melhor

Foi para ajudar na reabilitação de idosos usuários de próteses auditivas que a Dra Katya desenvolveu, durante a sua tese de doutorado na UNIFESP, em 2009, o Treinamento Auditivo Musical (TAM). Um método que consiste no treinamento das habilidades auditivas através de 8 exercícios com mais de 1300 variações que atuam em várias áreas do cérebro como auditivas, motoras e visuais, afim de aumentar a capacidade cerebral de escutar.

Além dos usuários de próteses auditivas e implantes cocleares, o TAM é indicado para pessoas que ouvem, mas não entendem, pessoas com alteração de Processamento Auditivo Central (PAC) e com dificuldade de foco e atenção, estudantes e amantes da música. Todos que tenham interesse em aprimorar o cérebro a escutar melhor, desde crianças acima dos 7 anos, adultos e idosos, com ou sem perda auditiva, podem se beneficiar do método.

Os exercícios do TAM são compostos por sons instrumentais, arranjos musicais e imagens. A utilização da música como forma eficaz de estimular as percepções de fala no cérebro é um recurso moderno e comprovado cientificamente, através da pesquisa realizada pela fonoaudióloga. "Nosso cérebro possui algumas regiões que são as mesmas tanto para identificar a fala como a música. Optar por utilizar a música nessas regiões para estimular as habilidades auditivas do cérebro, ao invés de ruídos de fundo que competem com os sons de fala, é uma maneira de tornar o treinamento uma atividade, não somente de estímulo eficaz, como também agradável", esclarece Katya Freire. Esta evidência, concedeu a Katya um prêmio no 18º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia.

Para facilitar o acesso e utilização do TAM seu formato é online, assim, o usuário pode praticar em qualquer lugar, sozinho ou com o acompanhamento de um profissional.

A especialista em audiologia destaca algumas habilidades auditivas que podem ser treinadas para aumentar a capacidade cerebral de escutar:

- Capacidade de conseguir ouvir no meio de um som competitivo, como por exemplo no meio de um restaurante movimentado (figura-fundo)

- Capacidade de identificar a diferença mínima entre os sons e a velocidade de processar as informações (padrões temporais)

- Ouvir os sons que vem de um lado, e ignorar o do outro e vice-versa (escuta direcionada)

- A área do cérebro que é responsável pelo ritmo, também responde pela percepção de fala (ritmo)

- Capacidade de definir o conteúdo, com apenas a apresentação de uma parte da mensagem (fechamento auditivo)

- Memória

DINO Este é um conteúdo comercial divulgado pela empresa Dino e não é de responsabilidade do Terra
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