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Como reestruturar crédito para evitar a Recuperação Judicial

A Recuperação Extrajudicial como meio de reestruturação da empresa em face da crise atual.

10 jun 2020 - 11h23
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A insolvência de inúmeros negócios acontece em etapas. O Brasil vive um cenário de elevadíssima inadimplência, a qual já vem sendo carregada da crise econômica iniciada nos governos anteriores. O cenário típico vivenciado é aquele em que primeiramente as empresas começam a enfrentar dificuldades para honrar seus compromissos de curto e longo prazo e ficam inadimplentes. Em um segundo momento, e muitas vezes já tardiamente, inicia-se a corrida para uma renegociação junto aos fornecedores e credores. Analistas da FK Consulting.Pro apontam que a recuperação extrajudicial pode ser um bom caminho a seguir a fim de evitar consequências econômicas mais duras, bem como uma forte onda de desemprego e, por fim, uma recuperação judicial.

Foto: DINO / DINO

"Empresas com dívidas acima de 20 milhões têm, na maioria dos casos, grandes bancos como credores, o que tornaria uma disputa judicial ainda mais forte e delicada. Casos em que a empresa tem condições de comprovar que a Pandemia da Codiv-19 impactou nos resultados, as renegociações são mais plausíveis e menos agressivas. No cenário atual, todos os lados perdem. O que nos preocupa é a consequência da crise. Uma redução ainda maior da atividade da empresa e muitas demissões, o que dificultam a recuperação", explica Frank Koji Migiyama, sócio da FKConsulting.Pro, consultoria especializada em Melhoria de Desempenho, Reestruturação, Recuperação Judicial, Governança Corporativa, M&A.

De acordo com o advogado Fernando Lobo, sócio de Motta Fernandes Advogados, o judiciário está aberto a reestruturações por meio da recuperação extrajudicial. "Inclusive, já foi aprovado pela Câmara dos Deputados o PL 1397/20, de autoria do Deputado Hugo Leal, que apresenta uma série de alterações provisórias à Lei de Recuperação de Empresas e Falências, visando evitar quebras, desburocratizar e agilizar o processo, e estimular a auto composição. O cenário de crise vivenciado mundialmente tem contribuído para que credores de todos os matizes se mostrem mais tolerantes e abertos à negociação, visando evitar justamente os cenários mais graves e, muitas vezes, irreversíveis", comenta Fernando Lobo.

O número de empresas endividadas já bate recorde no país, é o que constata o último relatório da Serasa Experian. Segundo o documento, a inadimplência aumentou em 9,9% em janeiro de 2020 ao comparar com o mesmo período do ano passado. Pelo 11º mês consecutivo, a inadimplência atingiu o pico mais alto e chegou a 6,2 milhões de empresas em janeiro de 2020. Em janeiro do ano passado, segundo a Serasa eram 5,6 milhões de empreendimentos com contas em atraso. Dentre aqueles com contas atrasadas e negativadas, 94,2% são micro ou pequenas empresas, com os demais se dividindo entre médio e grande porte. "Com a recessão se instalando e com as dificuldades que vários setores estão apresentando, tanto o número de falências quanto o de recuperações judiciais é esperado que aumente. Independentemente do tempo de isolamento, os impactos na economia já ocorreram e vão demorar para ser integralmente superados", diz o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.

A saída, segundo analistas da FK Consulting.Pro, é buscar apoio na Lei Federal n.º 11.101/2005 que prevê o instituto da Recuperação Extrajudicial. O intuito é viabilizar a negociação de acordos com grupos de credores. "Essa modalidade não se confunde, tampouco antecede a recuperação judicial, mas pode ser uma substituição a este recurso e, a meu ver, é um artifício importante. Destaco que não participam desta renegociação os passivos tributários, que também não entram na recuperação judicial, bem como o passivo trabalhista. Além disso, ao iniciar uma recuperação extrajudicial não há a obrigatoriedade de convocar todos os credores, podendo a empresa focar em grupos específicos de credores", indica Frank.

Segundo ele, a renegociação é fundamental e tem ocorrido grandes e bons acordos para ambas as partes quando há um plano crível e transparente. "Quanto mais tarde a empresa tomar essa decisão de reestruturar, ainda que pela via da recuperação judicial, menor será a chance de se recuperar", salienta o consultor. Na visão do advogado Fernando Lobo, é relevante buscar apoio especializado e com brevidade. "Estas discussões são tecnicamente complexas e demandam profissionais capacitados, seja para definir o momento da renegociação ou do pedido de recuperação judicial, seja para que a empresa tenha a assessoria adequada", finaliza Lobo.

do Codiv-19

Website: https://fkconsulting.pro

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