Covid-19: Reabilitação no Home Care traz benefícios para pacientes
Depois de ficar um mês e meio internada com Covid-19, Helena Maria da Silva Dias, de 80 anos, recebeu alta do hospital, mas ainda convive com as sequelas da doença e do longo período de hospitalização.
Não há dados exatos sobre o percentual de infectados com o novo coronavírus que precisam de assistência após deixar a unidade de saúde. No entanto, de acordo com a fisioterapeuta Andréa Couto, supervisora da S.O.S. Vida, os sistemas respiratórios e motor são os mais afetados pela enfermidade e podem apresentar complicações mesmo após a alta hospitalar.
"O comprometimento piora a depender da gravidade da doença. Nos casos mais severos, é comum ouvir queixas de fadiga, dispneia e redução de força muscular global, o que dificulta ações como andar e sentar. Nesses casos, eles precisam de fisioterapia para recuperar movimentos ou melhorar a capacidade pulmonar", explica.
É o caso de Maria Helena, que mesmo quatro meses após receber deixar o hospital, ainda não recuperou totalmente a mobilidade e precisa de assistência domiciliar. "Pelo quadro que ela apresentou, até saiu bem do hospital, com boa saturação e respirando bem. Mas perdeu a força muscular e tem dificuldade de locomoção", conta a advogada Geisa Maria da Silva Dias, filha de Maria Helena. Após a fisioterapia, a idosa já consegue ficar sentada e dar poucos passos. "Nossa expectativa é que ela volte a ter o mínimo de mobilidade em casa, para conseguir tomar banho sozinha e se sentar à mesa", reforça.
O tratamento de Maria Helena é realizado dentro de casa, com o apoio do serviço de Home Care, onde pode aproveitar a da presença dos familiares. "Depois que passou o período crítico, o hospital entendeu que o quadro dela estava estabilizado e não tinha mais necessidade de ficar internada. É melhor ficar em casa com os filhos e netos", completa a filha.
Assistência multiprofissional - Além da fisioterapia, a assistência aos pacientes que tiveram Covid-19 é realizada por uma equipe multiprofissional no domicílio, incluindo nutricionista, enfermeiro, fonoaudiólogo e psicólogo. "O novo coronavírus provoca lesões que comprometem todos os sistemas, por isso é essencial uma abordagem multidisciplinar para garantir uma assistência completa, tratando os diversos aspectos que afetam o paciente", explica a fisioterapeuta.
Os pacientes que tiveram Covid-19 passam por uma avaliação inicial, seguindo o protocolo de atendimento criado pela S.O.S. Vida especificamente para a reabilitação desses casos, para classificar o nível de comprometimento da força muscular e capacidade funcional. A assistência é individualizada conforme a gravidade de cada caso.
Nos quadros moderados, por exemplo, podem ter dependência de oxigênio e precisam da fisioterapia para fortalecer a musculatura respiratória. Quem passou por traqueostomia durante a internação também pode ter sequelas mais graves, necessitando de auxílio para fazer o desmame da ventilação mecânica. O acompanhamento com fonoaudiólogo também pode ser necessário para auxiliar na retirada de sondas e introdução de uma dieta oral, caso seja o caso, ou quando há lesões que afetam a fala do paciente.
Lesões de Pele - Além das sequelas da Covid-19, o longo período de internação de quem teve quadro grave também pode resultar em outras sequelas, como feridas na pele, também chamadas de lesões por pressão. Estima-se que cerca de 59% dos pacientes acamados ou imobilizados por um tempo prolongado desenvolvem esse problema, que é a terceira maior causa de notificação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Após três meses internado por Covid-19, essa é uma das complicações tratadas pelo aposentado E.S, de 52 anos. "Ele tem dificuldade para falar e andar, mas o que mais incomoda são as feridas na cabeça, garganta e região sacra", conta a filha do aposentado.
A lesão ocorre por conta da pressão intensa e/ou prolongada de uma determinada região. Sem tratamento adequado, pode se agravar, gerando complicações para o paciente, como infecção, que pode atingir órgãos, ossos, sangue e até levar a morte.
De acordo com a enfermeira Ana Cláudia Gonzaga, coordenadora do Programa de Prevenção de Lesões de Pele da S.O.S. Vida, a assistência envolve uso de equipamentos apropriados para descompressão como travesseiros, almofadas e colchões para evitar mais danos teciduais, além da higiene e hidratação da pele.
O suporte nutricional também é importante para ajudar na cicatrização, fornecendo uma alimentação equilibrada. De acordo com o Protocolo de Nutrição para tratamento de feridas criado pela empresa especializada em Home Care, uma dieta baseada em proteína, vitamina C e minerais como zinco e ferro ajuda a construir colágeno para recuperar o tecido cutâneo. Isso pode ser realizado por meio de alimentos naturais ou com o auxílio de suplementos, a depender de cada caso. A alimentação é um importante recurso para regenerar áreas já afetadas por lesões, mas também para fortalecer o organismo e prevenir feridas.
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