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DINO

"Em tempo de crise e tensão, rir é um ótimo remédio", diz psiquiatra

15 abr 2020 - 18h24
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Em tempos de crise, tensão, ansiedade e medo, o ideal é dar uma folga para o cérebro e facilitar soluções criativas com uma medida relativamente fácil e muito barata: rir.

Foto: canva / DINO

"Trata-se de um excelente remédio", afirma o médico psiquiatra Cyro Masci. Segundo ele, o simples fato de utilizar os músculos da face para sorrir é um sinal para o cérebro liberar uma série de hormônios benéficos. "Rir estimula o coração e a oxigenação, relaxa a musculatura, além de facilitar a digestão e diminuir a dor, possivelmente por conta da liberação de endorfinas, morfina natural", explica o especialista.

O humor bom, acrescenta, é aquele que consegue ver o absurdo das situações inerentes à vida e se diverte com isso. "Nem todos conseguem alcançar esse nível de qualidade de vida, mas já é um excelente começo rir de incentivos, como comédias, piadas, caricaturas, filmes e desenhos animados".

Desafio

Um experimento feito há alguns anos ilustra bem a importância do humor. Foram fornecidas uma caixa de velas, uma caixa de fósforos e uma caixa de tachinhas. A missão de quem recebeu os objetos era fixar uma vela acesa numa parede de cortiça sem permitir que a vela encoste na parede e sem derramar gotas no chão.

"Esse desafio foi proposto a dois grupos. O primeiro pensou, pensou e pensou até achar a solução. O segundo foi convidado a assistir filmes de comédia por 30 a 60 minutos antes de tentar matar a charada. A diferença na solução do problema foi bem mais fácil para esse segundo grupo, o que ficou 'perdendo tempo' com as comédias", explicou o médico.

De acordo com Cyro Masci, algumas pessoas usam o riso para expressar hostilidade, ironia ou raiva pura, em geral levando alguma vítima ao ridículo. Outros riem para esconder medos e ansiedade. "Esse tipo de humor não é adequado do ponto de vista biológico. Pode-se até sentir uma certa sensação de alívio, mas a emoção que está por trás predomina na resposta do organismo, e no geral não leva a um estado de saúde", afirma

Convivência difícil

É difícil, segundo o Masci, conviver com quem não tem facilidade em rir da vida. Essas pessoas veem o mundo como uma luta mortalmente séria, dividindo tudo e todos em categorias absolutas do tipo "bom" ou "ruim", vendo um mundo colorido em preto e branco. "Em geral não conseguem perceber que erros são excelentes oportunidades para aprendizado. Tendem a manter expectativas muito altas e impossíveis de serem alcançadas na íntegra, o que as leva a evitar compromissos que acham difíceis".

Já os bem-humorados conseguem observar o lado curioso, exótico ou inesperado das situações da vida e dão boas risadas das situações e peças que a vida nos prega. O psiquiatra lembra que há várias formas de encarar o humor. "Há os que preferem analisar as situações sociais, muitas vezes satirizando os políticos e aumentando a nossa percepção da realidade social. Outros elegem o humor intelectual, brincando com a tirania da lógica. Vários preferem rir do sexo, que, quando expresso em ambiente adequado, nos permite relaxar sobre um tópico que deixa muitas pessoas ansiosas. Outros preferem o macabro, desgraças em geral, e com esse humor negro pode ajudar a relaxar nas situações que em geral consideramos estressantes", explica Masci.

Homens x mulheres

Pesquisas indicam que homens preferem o humor agressivo e sexual, enquanto mulheres preferem o humor mais intelectual e defensivo. "Pessoas introvertidas também tendem a escolher o humor intelectual, defensivo e social, enquanto os extrovertidos tendem ao humor sexual e agressivo", acrescenta.

Cyro Masci afirma ainda que os bem-humorados tendem a procurar ativamente o lado engraçado da vida, ou ao menos se deixam levar quando as situações inusitadas aparecem. "Em geral, conseguem achar soluções mais criativas e menos desgastantes para os problemas da vida, como o grupo citado no início do texto, que após boas risadas acharam a solução ao desafio com mais facilidade", conclui o médico.

Resultado do desafio

A propósito, a solução para o desafio é esvaziar a caixa de fósforos, fixar a vela na base da caixa, prender com uma das tachinhas a caixa com a vela na parede de cortiça e acender o pavio.

Fonte: Cyro Masci, médico psiquiatra em São Paulo, autor dos livros "Síndrome do Pânico: Psiquiatria com abordagem integrativa" e "Biostress: Novos caminhos para o Equilíbrio e a Saúde".

Outras informações: https://bit.ly/34mE498 

Website: https://www.masci.com.br/

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