Empresa premiada quer mostrar quem são os preservadores de floresta no Brasil

Dados oficiais do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ("PNUMA") mostram que, no período de 1990 a 2015, o Brasil reduziu quase 55 mil hectares no tamanho de suas florestas.

Ainda, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ("INPE"), entre os anos de 2017 e 2018, a Amazônia Legal teve 7.900,00 km2 de área florestal suprimida. Para o cerrado, segundo maior bioma da América do Sul e considerado de extrema importância para conservação da biodiversidade, esse número foi de 6.657 km2.

Mas, ainda que o desmatamento siga em ritmo alto, cerca de 60% do território nacional é coberto por florestas que configuram, em grande parte, áreas particulares protegidas espontaneamente pelos proprietários.

E é justamente a vida desses proprietários preservacionistas que a série documental tratará. Garantir a qualidade do solo, os estoques de água doce, o sequestro e estocagem de carbono e a proteção da biodiversidade são somente alguns dos benefícios coletivos promovidos pela conservação da natureza por parte dos preservadores, que não recebem nenhum tipo de incentivo para fazê-lo.

Desenvolvimento econômico aliado à conservação do patrimônio natural

O Banco de Áreas Verdes da ECCON é uma plataforma on-line na qual estão cadastradas mais de 120 propriedades privadas com florestas preservadas. As áreas localizam-se em todo o território nacional, somando cerca de 6 bilhões de metros quadrados.

Por meio do instrumento da compensação ambiental, o Banco de Áreas Verdes procura viabilizar o aproveitamento econômico dessas áreas, distribuindo renda a proprietários rurais preservacionistas e, consequentemente, promovendo o crescimento econômico juntamente com a conservação de florestas em pé.

Reconhecida em 2018 como uma das 15 melhores iniciativas brasileiras para mitigação das causas e efeitos das mudanças climáticas pelo Climate Ventures e pelo Climate Launchpad, a plataforma configura uma iniciativa sustentável para o desenvolvimento econômico aliado à preservação do patrimônio natural.

Projeto "Preservadores no Brasil" busca promover a conscientização ambiental

Buscando consolidar a importância da preservação de áreas de floresta, a ECCON lançou, em parceria com empresa do segmento audiovisual, o projeto "Preservadores no Brasil" .

Elaborado como uma série documental, o projeto selecionou seis propriedades preservadas para integrar a iniciativa. Paraná, São Paulo, Bahia e Piauí foram os estados indicados para demonstrar as pressões e ameaças do desmatamento nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.

"Este último, por exemplo, é o único bioma exclusivamente brasileiro e possui, atualmente, metade de sua cobertura original. Situação ainda mais dramática ocorre para a Mata Atlântica, que apresenta apenas 7,9% de sua cobertura inicial", diz Yuri Rugai Marinho, fundador da ECCON e desenvolvedor do projeto.

A web série será dividida em seis episódios, em uma experiência de imersão nas florestas nativas das propriedades privadas. Conforme explica Maria Cecilia Ferronato, bióloga da empresa, o objetivo é "acompanhar, documentar e disseminar o que acontece nessas áreas, com a finalidade de destacar os desafios enfrentados por quem preserva e a importância coletiva da manutenção das florestas em pé".

O fortalecimento de ações de conscientização e divulgação ambiental é o interesse principal da série documental. Há muitas pessoas que exigem a preservação do Estado ou de donos de terras, mas não sabem, exatamente, a complexidade e as injustiças envolvidas nesse tema.

Por parte dos proprietários, a obrigação de preservar também não é sempre aceita. Há quem entenda que as florestas em pé são obstáculos para o "progresso" da agricultura, por exemplo.

Os preservadores voluntários, que promovem a conservação de remanescentes florestais acima dos limites da lei, enfrentam contratempos diários para a manutenção das áreas verdes. Pressões antrópicas, como ameaças de invasão, riscos de incêndio e queimadas, exploração madeireira e avanço da agropecuária são alguns dos desafios da preservação.

A iniciativa quer criar um ambiente de protagonismo àqueles que mantêm áreas de vegetação nativa conservadas, demonstrando a representatividade das florestas para as pessoas que ali vivem e as consequências geradas se aquela mata deixasse de existir.

Iniciativas de impacto coletivo

Formato cada vez mais difundido para o financiamento de projetos, a iniciativa "Preservadores no Brasil" busca a captação de recursos por meio de uma plataforma de financiamento coletivo.

O modelo de investimento colaborativo busca integrar cada vez mais a sociedade em ações participativas no desenvolvimento de projetos de conservação e divulgação ambiental. "A consolidação da participação social é um princípio do crowdfunding, e com isso já alcançamos o primeiro objetivo do projeto, que é incluir a sociedade civil nas ações de conscientização e valoração ambiental", diz Yuri. A ECCON aposta no engajamento social para o reconhecimento daqueles que preservam áreas de floresta de forma voluntária.

A renda captada na campanha será integralmente revertida para a execução do projeto: remuneração da produção audiovisual, como pré-produção, direção e equipe de captação, produtor de base e processo de pós-produção, como locuções, montagem e finalização dos episódios da série. Os recursos também subsidiarão despesas de deslocamento até as propriedades, estadia e alimentação da equipe.

Em campanha fixada até o final de maio, o projeto objetiva arrecadar 98 mil reais para custeio das despesas totais. Saiba mais em: https://www.kickante.com.br/campanhas/projeto-preservadores-no-brasil.