Falta de planejamento e má gestão financeira são principais responsáveis pela alta taxa de falência de pequenas empresas, segundo especialista
A alta taxa de desemprego, que atingiu números superiores a 12% em junho de 2019, fez com que muitos profissionais que estão fora do mercado de trabalho encontrassem no empreendedorismo uma carreira. No entanto, grande parte dessas empresas são criadas sem planejamento, o que gera uma alta taxa de falência. De acordo com pesquisa Boa Vista, 91,6% das falências registradas no primeiro trimestre do ano são de pequenas empresas.
Falta de planejamento
Para especialistas, a falta de planejamento no momento da fundação do negócio é um dos principais problemas. Segundo a analista financeira da Gerencianet, empresa intermediadora de pagamento, Maria Cecília Silva, muitos empreendedores abrem um negócio por oferecerem bons produtos ou serviços, mas não se atentam às questões administrativas. "É muito importante que o empreendedor entenda a importância de um plano de negócios. Podemos encontrar facilmente na internet um extenso conteúdo e ferramentas gratuitas que auxiliam na elaboração e acompanhamento desse plano. Por meio dele, é possível verificar a viabilidade do negócio, o valor de investimento inicial, a formação de preços, as projeções no médio e longo prazo, entre outras variáveis necessárias para um bom planejamento. Essas informações auxiliam na prevenção dos riscos e nas tomadas de decisões", explica.
Dessa forma, o planejamento é importante não só para garantir a saúde financeira da empresa, mas também para que ela cresça. "No mercado concorrido que temos hoje, planejar as ações da empresa no curto e longo prazo é essencial, definindo objetivos e metas a serem alcançadas. Dessa forma, é possível que o empreendedor conheça o mercado em que atua e seus concorrentes, planeje futuras expansões e, no momento oportuno, tome boas decisões. É fundamental também estar atento às mudanças da economia e gosto dos consumidores", completa.
Má gestão financeira
A dificuldade de gerir os recursos da empresa também está entre as principais causas da falência, conforme explica a analista. "Um erro comum é usar o dinheiro da empresa para gastos pessoais. O correto é que o empreendedor tenha um pró-labore e que as contas pessoais não se misturem com as contas da empresa. Com isso, o lucro obtido poderá ser usado para investir no próprio negócio, fazendo com que ele cresça", diz Silva.
O acompanhamento financeiro é ainda mais importante para quem optou por realizar empréstimos para abrir o negócio. O investimento inicial pode incluir a compra de máquinas e equipamentos e também para manter um capital de giro. "Antes de solicitar um empréstimo, é necessário avaliar os riscos, as taxas de juros e a fonte do recurso que será utilizado para o pagamento da parcela", afirma.
Auxílio da tecnologia
Assim como em outras áreas, a tecnologia se tornou também uma grande aliada da gestão financeira. Diversas ferramentas disponíveis no mercado auxiliam o processo de visualização dos gastos e recebimentos, a realização de projeções do fluxo de caixa e a tomada de decisões. E, em muitos casos, os recursos estão disponíveis de forma gratuita na internet. "Por meio do Excel, por exemplo, conseguimos elaborar planilhas que podem auxiliar na gestão financeira, organizando os gastos, recebimentos e inadimplência do negócio", explica.
A forma de realizar a cobrança dos clientes também pode ser automatizada e profissionalizada com o uso da tecnologia. Um exemplo é a utilização de intermediadores de pagamento. Por meio deles, é possível emitir cobranças por boletos, carnês, assinaturas e cartão de crédito sem precisar de conta em uma instituição bancária. Com isso, o processo pode se tornar mais econômico e menos burocrático. Os intermediadores ainda oferecem ferramentas como emissão de relatórios de recebimentos e de inadimplência, envio automático de lembrete de cobranças e outras ações que facilitam o controle financeiro.
De acordo com Silva, a emissão de cobranças pode auxiliar a diminuir a inadimplência do negócio. "Muitas vezes, pequenos empreendedores acabam realizando a cobrança de maneira informal. Com isso, algumas pessoas podem esquecer ou simplesmente não realizar o pagamento. É importante ter um documento que, além de facilitar o pagamento, torne a dívida algo formalizado", conclui.
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