O aumento de tentativas de suicídio entre os militares das Forças Armadas em razão de episódios depressivos
Discutir as causas de doenças psíquicas em suas mais variadas formas dentro do ambiente das Forças Armadas é essencial.
Os militares são expostos diariamente a situações estressantes e de alto impacto emocional, e a cada ano, o número de tentativas de suicídio nessa classe só tem aumentado.
Atualmente, segundo os dados da OMS, a depressão atinge 10% da população mundial, cerca de 400 milhões de pessoas convivem com o distúrbio no planeta, além disso, lidera a lista das doenças mais incapacitantes, com gastos na casa dos 800 bilhões de dólares por ano.
A situação no Brasil é a maior entre as nações em desenvolvimento, com um total de 10,4% de indivíduos atingidos. E a taxa de mortes relacionadas aos episódios depressivos (incluindo suicídios) aumentou 705% nos últimos 16 anos, segundo pesquisa realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com o Tenente Médico Militar Rodrigo Rocha Corrêa, em seu artigo sobre "Suicídio nas Forças Armadas" , publicado no blog Academia Médica (https://academiamedica.com.br/blog/suicidio-nas-forcas-armadas), somente no Brasil se registra diariamente uma média de 28 óbitos por dia, e uma das causas de suicídio entre militares pode estar associado ao assédio moral pelo qual passam alguns militares em sua rotina nos quartéis.
A intensa pressão que a função militar gera, além do individualismo e a sobrecarga, é um prato cheio para o estresse que afeta diretamente a saúde mental do indivíduo.
É sabido que a atividade militar exige demasiado esforço físico, e, psicológico, mas, para isso, é necessário que o militar possua um preparo apropriado a suportar a intensidade dos treinamentos e da função a ser exercida.
As Forças Armadas podem e devem submeter os militares a atividades exaustivas, mas somente aqueles que estão realmente preparados. O que se vê são militares totalmente despreparados, principalmente psicologicamente, em total desacordo com o ambiente de trabalho, portando diariamente arma de fogo, o que em tese facilita o cometimento de suicídio, soma-se a isto o fato de que o serviço militar é obrigatório, portanto, é natural que muitos militares não se adequam a rotina militar, o que pode gerar frustrações que evoluirão para uma doença psíquica.
O investimento num relacionamento de respeito entre superiores e subordinados constitui parte de um tratamento preventivo às doenças psíquicas, e incapacitantes. Além disso, olhar a depressão com a devida atenção pode ocasionar uma melhora gradativa do estado de saúde do militar, o que, custará aos cofres públicos uma economia de milhões por ano.
No entanto, regularmente há militares sendo excluídos do serviço ativo, e deixados à mercê da doença, sem nenhum amparo médico ou financeiro, e, em decorrência, muitos buscam uma solução acabando com a própria vida.
O poder judiciário tem sido a válvula de escape em alguns casos, no intuito de garantir o direito à saúde ao militar desamparado pela Administração que tornou-se incapacitado em razões das atividades castrenses.
O Escritório Januário Advocacia é uma empresa especializada em direito militar que se dedica constantemente na defesa de direitos essenciais da família militar em todo o território nacional.
O militar portador de doença psíquica possui, de acordo com o Estatuto dos Militares, o direito ao tratamento médico e percepção do soldo até que seu estado de saúde se reestabeleça, ou em casos mais graves poderá ser concedida a reforma (aposentadoria por doença).
Desta forma, é importante que na presença de qualquer sintoma o militar procure um médico especialista para que lhe seja prescrito o tratamento médico ideal a seu caso e, comunique a Administração Militar sobre a doença manifestada.
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Rafaela Karen de Pádua Silva é advogada, inscrita na OAB/MG nº 173.010, graduada pela Universidade de Uberaba, e Coordenadora do Setor de Atendimento ao Cliente do Escritório Januário Advocacia.
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