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Prevenção ao bullying no projeto político pedagógico das escolas

1 ago 2016 - 09h21
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O tema "bullying" não é novidade. Ele existe há muito tempo e todos têm uma história para contar, seja de si próprio ou de algum conhecido. O fato é que o assunto ganhou evidência recentemente, já que hoje se entende os impactos negativos de situações constrangedoras na vida de uma pessoa - a curto, médio e longo prazo. Merece destaque a aprovação da Lei nº 13.185/2015, que entrou em vigor no início de fevereiro deste ano. Ela institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) em todo o território nacional.

Foto: DINO

Para a orientadora educacional e psicóloga, Cláudia Tommasini, da Escola Villare, em São Caetano, a norma responsabiliza os envolvidos. "Pais não podem dizer que não sabiam o que seus filhos estavam fazendo no computador. Até a escola é corresponsável e, por isso, deve se posicionar alertando as famílias", argumenta.

Na opinião da orientadora educacional Luciana Z. Lapa, da Escola Stance Dual, em São Paulo, faltou a Lei estabelecer qual é o papel dos espectadores - crianças e adolescentes que assistem a tudo e se comportam de duas formas: passivamente (porque não fazem nada diante da situação) ou ativamente (porque estimulam o agressor). "A legislação cita o autor e o alvo e não cita quem está ao redor", aponta. "Precisamos que os espectadores assumam um posicionamento de indignação e cooperação, de sensibilidade moral diante do que presenciam."

Prevenir é a melhor medida

É função da escola a construção do conhecimento, mas também é sua responsabilidade inserir no mundo público uma pessoa com bons valores éticos e morais. "Formar um cidadão bem desenvolvido moralmente significa que ele nunca vai subjugar uma pessoa para se sentir bem", define Luciana, que também é membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem), pela Unesp e Unicamp. "Além disso, é preciso trabalhar com quem é alvo de bullying para que ele tenha uma imagem mais positiva de si, sem que aceite passivamente agressões."

A prevenção na escola é uma máxima, mas, para isso, é fundamental conhecer o que caracteriza situações de bullying, pois é preciso diferenciar dos outros conflitos corriqueiros no espaço escolar. Uma criança que se desentende com um colega não pode ser enquadrada como autora de bullying. Mas é claro que merece também intervenção e tratamento. E mesmo que se trabalhe com a prevenção, essas ocorrências não podem ser evitadas. "Algumas escolas evitam os trabalhos em grupo porque apontam esse momento como um gerador de conflito. É justo privar os alunos desse tipo de organização de estudo? Nesses casos, a cooperação é algo que deve ser aprendido", pontua Luciana.

A Escola Stance Dual trabalha a prevenção de maneira indireta e direta. Indireta porque tem na grade curricular a aula Orientação Educacional, que acontece uma vez por semana, em que são trabalhadas questões relacionadas ao desenvolvimento moral. A ação direta se concentra no Fundamental 2 (alunos do 6º ao 9º ano). Lá, o trabalho é de conceituação, caracterização dos personagens e há até um projeto piloto sobre bullying e cyberbullying. Nele, a intenção é que haja uma equipe de ajuda formada por alunos, que vão atuar nos problemas de convivência da escola.

O fato é que o tema está enraizado na Stance Dual. Vira e mexe, ele vem à tona. Em 2014, uma aluna do Fundamental 2 apresentou um trabalho de pesquisa intitulado "É possível superar o bullying?" em uma sessão de pôster para a comunidade escolar. A apresentação está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=opbBoe1WbpU.

No Colégio Oswald de Andrade, em São Paulo, a literatura e a arte, além de outras áreas, são ótimas para trabalhar valores. "Muitos textos da escritora Ana Maria Machado, por exemplo, tratam sobre os relacionamentos entre as pessoas, no que diz respeito ao coletivo, aos cuidados, à cooperação", conta a direção pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental 1, Maria Antonieta Giovedi. "Abordamos esses temas como parte das ações preventivas. Não esperamos o conflito aparecer." No Fundamental 2, os alunos têm reunião de classe, que são momentos instituídos na rotina em que se discute sobre as relações e os incômodos do dia a dia escolar.

O poder da (in)formação -

Um trabalho bem sucedido contra o bullying envolve, além dos estudantes, os pais ou responsáveis, professores e demais funcionários da escola. Por isso a necessidade de formação: saber o que é, quem são os envolvidos, conhecer as estatísticas de como acontece e, com isso, modificar o olhar. "Muitas vezes, o modo como o professor intervém nas relações pode favorecer ou negar uma situação de bullying", pontua Luciana. "Ele favorece quando põe apelidos pejorativos em algum aluno que pode vir a ser usado pelos colegas como chacota. Ele faz essa intenção, mas acaba favorecendo. Outra situação é quando ele olha algumas atitudes no grupo e as minimiza achando que é brincadeira de criança."

A Escola Villare, este ano, envolveu todos da comunidade escolar na formação. "Consideramos fundamental todos alinhados com nosso discurso e, principalmente, sabendo o que fazer diante de uma situação de bullying. O que faz um funcionário da limpeza quando ele vê uma menina que entra chorando no banheiro?", questiona Cláudia. "Obviamente ele não vai intervir, mas pode ajudar encaminhando essa aluna."

Com os professores, a ação foi mais direcionada. Durante as reuniões semanais e também em diversos outros momentos, os professores tiveram a missão de pontuar potenciais comportamentos que incitavam o bullying. Também todos aprenderam sobre o cyberbullying e, em outro momento, pais se reuniram com uma advogada para entender quais são os direitos e deveres diante da legislação vigente.

Outras maneiras de atualizar as famílias são por meio de textos informativos, seja via redes sociais ou circulares. Além disso, não pode faltar a parceria. "Se uma criança em casa diz que não quer ir para a escola, chora, vomita bem na hora de sair, tem dor de barriga, não consegue falar, ela pode estar sendo alvo de bullying. No mínimo, algo não vai bem e a instituição escolar tem de checar o que acontece com as relações na escola", alerta Luciana.

Outra situação comum é os pais levarem queixas para a escola. Nesse momento, muita cautela. "Um pai pode achar que seu filho é excluído do grupo, quando, na verdade, ele não consegue se relacionar com os colegas", conta Cláudia Tommasini, orientadora educacional. "Respeitamos a queixa e investigamos o caso".

DINO Este é um conteúdo comercial divulgado pela empresa Dino e não é de responsabilidade do Terra
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