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Prótese de joelho: quando é necessário um procedimento cirúrgico?

30 ago 2019 - 16h36
(atualizado em 11/9/2019 às 03h17)
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Artrose, também chamada de osteoartrose ou osteoartrite, é uma doença caracterizada pelo desgaste da cartilagem nas articulações e sua incidência aumenta com o avanço da idade, sendo bastante frequente na população idosa. Embora possa ocorrer em qualquer articulação, o desgaste é mais frequente naquelas que sustentam o peso do corpo, como os joelhos, os quadris e a coluna. 

Foto: Acervo Pessoal / DINO

Eventualmente, o Dr. João Hollanda recebe no consultório pacientes desolados, porque são informados pelo médico de que têm desgaste na cartilagem do joelho, com o problema sendo progressivo e irreversível, tendo como única forma de melhorar a dor a colocação de uma prótese. Afinal, a prótese é realmente necessária? Pode ser feita mesmo com idade avançada? Qual o risco de rejeição? Vai melhorar a dor?

Para pacientes que avaliam a colocação de uma prótese, é importante que todas essas questões sejam respondidas. A partir disso, poderá decidir, pois a melhor pessoa para determinar se chegou ou não o momento de operar não é o médico, mas sim o próprio paciente.

A seguir, cada uma destas questões:

A prótese é realmente necessária?

A dor do paciente com artrose no joelho é bastante variável. É comum, pessoas com artrose avançada, realizarem atividades físicas de impacto, como corrida ou futebol, com razoável conforto. Dessa forma, é importante constatar se todas as possibilidades de tratamento não cirúrgico tenham se esgotado, inclusive em casos de artrose crônica.

A dor é uma sensação bastante subjetiva, ninguém melhor do que os próprios pacientes para saberem se vale a pena ou não fazer uma cirurgia desse porte. Enquanto a dor permite ao paciente manter uma rotina relativamente normal com grau razoável de conforto, o tratamento "não cirúrgico" é a melhor opção.

Caso a dor no joelho impede de fazer as atividades profissionais, doméstica e recreativas, a balança passa a pender mais para o lado da cirurgia, principalmente, quando as outras formas de tratamento são ineficazes. Frisando que nada pior para a saúde de um paciente do que o sedentarismo.

Outras variáveis também devem ser consideradas: qual a expectativa do paciente?

Qual o grau de empenho em passar pelo processo de reabilitação? Qual o suporte terá de familiares ou cuidadores durante a recuperação inicial? O melhor momento para a cirurgia será, de fato, quando o enfermo avaliar que chegou a hora.

A prótese pode ser feita mesmo com idade avançada?

A prótese de joelho é um procedimento destinado a pessoas idosas, e os médicos devem se preocupar mais em fazer a cirurgia em um paciente de 50 anos do que em outro de 75. Mesmo assim, não deixa de ser uma cirurgia de grande porte, que envolve certos riscos.

Mais do que a idade cronológica, é importante analisar a saúde do paciente e, principalmente, a função cardiovascular. Nessa avaliação pré-operatória, caso perceba que o risco é elevado, médicos devem se posicionar contra a realização da prótese.

Qual o risco de rejeição?

O problema principal não é a rejeição, mas sim a infecção que ocorre no local da cirurgia e que exige a retirada da prótese. É a complicação que mais assusta os cirurgiões, podendo atingir de 1 a 3% dos pacientes que colocam a prótese. Embora represente a minoria das pessoas afetadas, o risco existe e não é desprezível.

A infecção pode envolver um tratamento prolongado e a necessidade de cirurgias adicionais. Por isso, os pacientes devem estar atentos aos riscos e preparados para um tratamento.

A dor irá de fato melhorar?

A cirurgia para a colocação de prótese no joelho tem principais objetivos a pronta melhora da dor, do arco de movimento, da estabilidade e, por fim, da capacidade para executar as atividades domésticas, profissionais e recreativas. 

 Os resultados são surpreendentes na maioria das pessoas com artrose avançada no joelho, com melhora significativa em aproximadamente 80% dos casos.  Dois anos após a cirurgia, de 80 e 85% dos pacientes estão satisfeitos com o procedimento cirúrgico.

Apesar disso, a cirurgia está longe de deixar o joelho normal. Um estudo, realizado com pacientes dois anos após a cirurgia, demostrou que os pesquisados subestimaram o tempo de recuperação.

Esse trabalho também apontou que 85% dos entrevistados acreditavam que ficariam completamente sem dor, o que ocorreu em apenas 43% dos casos. Além disso, apontou que 52% pensavam que não haveria limitação funcional para as atividades usuais, o que se concretizou em apenas 20%.

Com as informações acima, os pacientes recebem alguns parâmetros que possam ajudá-los a decidir pela realização ou não da prótese. A decisão, porém, cabe muito mais ao paciente e aos seus familiares do que ao médico-cirurgião.

Não deve ser uma decisão precipitada e tomada no desespero de uma crise de dor: a dor da artrose é oscilante, de forma que o comportamento dela ao longo dos últimos seis meses é mais importante do que o sofrimento na consulta.

Caso você tenha uma indicação cirúrgica e acredite que estas perguntas ainda não tenham sido adequadamente respondidas, pergunte novamente ao seu médico ou busque uma segunda opinião. O seu pós-operatório será tão ou mais importante para o sucesso do procedimento do que a própria técnica cirúrgica.

Dr. João Hollanda, médico ortopedista formado pela Santa Casa de São Paulo, com especialização em cirurgia do joelho.

Website: https://ortopedistadojoelho.com.br/

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