Psoríase e esclerose múltipla: médicos, pacientes e gama de profissionais debatem preconceitos e tratamentos
Temas como um ambiente regulatório favorável, a mobilização da sociedade civil e a necessidade de campanhas de esclarecimento sobre a esclerose múltipla e a psoríase foram discutidos no X Fórum Nacional de Medicamentos no Brasil - Doenças Autoimunes, realizado na tarde desta terça-feira (27), no auditório Antônio Carlos Magalhães, Senado Federal, em Brasília. Autoridades do poder público e privado e especialistas da área lembraram durante todo o encontro das dificuldades que os pacientes das duas doenças enfrentam diariamente.
"O paciente não se veste, ele se cobre. A doença mexe com o emocional, o paciente se sente isolado. As pessoas vivem perguntando: o que é isso?", explicou a presidente da Psoríase Brasil, Gladis Lima, que não é vítima da doença, mas luta desde a infância pela causa, quando sua mãe foi diagnosticada com vitiligo. "A doença não é contagiosa. Precisamos de políticas públicas que conscientizem sobre a doença", questionou.
A psoríase não se manifesta somente na pele, mas é sistêmica, com chances da vítima desenvolver outras doenças físicas e psiquiátricas. "O paciente pode até apresentar uma artrite deformante. Cerca de 60% têm o comprometimento da qualidade de vida e 91% sentem baixa autoestima", pontuou a dermatologista Letícia Oba, coordenadora dos ambulatórios de Psoríase do Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília.
Já os relatos sobre a esclerose múltipla foram enfáticos na hora de dizer que é a doença que mais afeta jovens no Brasil e no mundo e que ainda enfrenta uma série de dificuldades em relação ao diagnóstico e ao tratamento. O diretor-executivo da ONG Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME), Gustavo San Martin, chamou a atenção para o fato de que, no Brasil, a doença leva, em média, seis anos para ser diagnosticada, contra apenas seis meses nos Estados Unidos. "O impacto do tratamento não adequado e do diagnóstico tardio trazem consequências irreversíveis, como a perda do emprego por parte do paciente. Para se ter uma ideia, 62% dos pacientes não conseguem retirar o remédio no SUS. O tempo perdido importa muito no tratamento da doença. É preciso haver um diálogo", resumiu.
Além das sequelas, consequências e sintomas físicos, as doenças crônicas impactam também no potencial produtivo do Brasil, segundo a especialista da Unidade de Saúde e Segurança na Indústria do Sesi, Geórgia Matos. Essas pessoas excluídas do mercado de trabalho, aposentadas precocemente por conta das doenças autoimunes, gerando efeito cascata na economia. "E fica uma pergunta: onde entra o empregador nessa equação? É preciso contribuir na prevenção e no atendimento precoce, evitando o surgimento de novas doenças, garantindo o aceso rápido ao tratamento que os pacientes precisam", enfatizou Matos.
O Ministério da Saúde pontuou sobre a importância das Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), instrumentos considerados estratégicos na compra de medicamentos para doenças autoimunes. Graças a essas parcerias é possível adquirir medicamentos redução de preços que variam de 5 até 20%. Atualmente, existem 104 parcerias vigentes, sendo 93 para medicamentos, incluindo para as doenças autoimunes. Existe, inclusive, uma parceria PDP já vigente especificamente para a psoríase e a esclerose múltipla. "Com essa política, o Ministério já economizou R$ 5 bilhões", declarou a coordenadora-geral de Base Química e Biotecnológica do Ministério da Saúde, Mirna de Oliveira. "É uma política que está sendo consolidada para atender uma demanda vindo do SUS. São produtos de alto custo que compõem essa parceria, como medicamentos para doenças raras", completou.
O Xº Fórum Nacional de Medicamentos no Brasil seguiu com a participação ainda da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), médicos, profissionais dos mais diversos setores e da população, inclusive de pacientes. "Nunca tivemos uma participação tão ativa das entidades e associações nos debates de interesse da sociedade. Nos colocamos à disposição para identificar como o Congresso pode agir e atuar e fazer com que a sociedade brasileira tenha seus interesses atendidos", ressaltou o deputado federal Eduardo Barbosa PSDB/MG, membro titular da Comissão de Seguridade Social e Família e vice-presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da Câmara dos Deputados.
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