Doria repudia fala de Eduardo: "Distância dos radicais"
Governador de São Paulo, que teve pai cassado pelo AI-5, disse que conheceu "o mal que ditadores e ditaduras fazem às pessoas e às famílias"
Diante da fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) desta quinta-feira, que defendeu "um novo AI-5" caso "a esquerda radicalizar" no Pais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) divulgou nota em que não só repudia as falas do deputado, filho do presidente Jair Bolsonaro, como também "o silêncio de quem as patrocina". A nota foi divulgada pela assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes.
João Doria, pai do governador, era deputado federal em 1968, quando o Ato Institucional número 5 foi promulgado pelo presidente da ditadura militar Artur da Costa e Silva. O ato fechou o Congresso e o então deputado foi cassado. O governador, ainda criança, teve de se mudar com a família para a França.
"Repudiamos a tentação autoritária e o silêncio de quem as patrocina. Conheci de perto o mal que ditadores e ditaduras fazem às pessoas, às famílias e ao país. Reviver o passado traumático da nossa história é condenar o futuro do país e do seu povo. A democracia brasileira não tem medo de bravatas", diz trecho da nota.
Doria, que foi eleito defendendo o slogan "Bolsodoria", com voto nele e no presidente Bolsonaro, desde junho vem trocando críticas com o presidente.
A fala do filho "03" do presidente Bolsonaro causou reações. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defendeu punição ao deputado. Diversos partidos políticos brasileiros também repudiaram as declarações.
Leia a íntegra:
O Brasil consolidou, ao longo de três décadas, a sua ordem democrática. As instituições funcionam e toda e qualquer ameaça à conquista do Estado Democrático de Direito deve ser repelida. A ruptura do modelo democrático é inaceitável.
O país quer distância dos radicais que pregam medidas de exceção e atentam contra a Constituição.
Repudiamos a tentação autoritária e o silêncio de quem as patrocina. Conheci de perto o mal que ditadores e ditaduras fazem às pessoas, às famílias e ao país.
Reviver o passado traumático da nossa história é condenar o futuro do país e do seu povo. A democracia brasileira não tem medo de bravatas.
O Brasil estará unido para manter as liberdades civis, a imprensa livre e as garantias fundamentais. A Nação não deixará de ter fidelidade aos seus valores democráticos.
Joao Doria
Governador do Estado de São Paulo