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"É o modo de operar desse desgoverno", diz Felipe Neto

Youtuber comprou e distribuiu 14 mil exemplares de livros com temática LGBT+ na Bienal do Livro do Rio de Janeiro após tentativa de censura da prefeitura

9 set 2019 - 18h46
(atualizado às 18h55)
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Após ser alvo de ataques e fake news de bolsonaristas e deputados do PSL nas redes sociais ao comprar e distribuir 14 mil exemplares de livros com temática LGBT+ na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no último fim de semana, o youtuber Felipe Neto afirmou que esse "é o modo de operar desse desgoverno" e que é preciso investigar os ataque à sua reputação. "Quando isso for investigado a fundo, muita gente poderosa vai cair", disse. A hashtag #FelipeNetoLixo é o assunto mais comentado no Twitter nesta segunda-feira,9.

Para Felipe Neto, os seguidores do presidente tentam "destruir os que se opõe". "Tudo eles levam para o campo das reputações", afirmou. O youtuber ainda negou que a ação tenha sido uma jogada de marketing para promover o lançamento de seu novo livro, lançado no mês passado. "Se fosse, eu teria colocado a ação ao lado da venda do meu livro. Não fizemos absolutamente nada para aumentar as vendas."

A ação de distribuir os livros foi uma resposta à tentativa do prefeito Marcelo Crivella (PRB) de impedir que uma HQ em que dois personagens homens se beijam fosse exposta e vendida na feira.

Na sexta-feira, 6, fiscais da Secretaria Municipal da Ordem Pública estiveram na Bienal para checar de que forma o livro em quadrinhos "Vingadores - A Cruzada das Crianças" estava sendo comercializado. Para justificar a ação, grupos chegaram a espalhar boatos com imagens de uma obra satírica para adultos que não estava à venda na Bienal.

No sábado, 7, o desembargador Cláudio de Mello Tavares derrubou uma decisão judicial que impedia que a prefeitura de apreender exemplares do livro na Bienal e voltou a permitir a presença dos fiscais na feira. No entanto, no domingo, 8, o Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a impedir a ação da prefeitura fluminense.

Felipe Neto.
Felipe Neto.
Foto: Reprodução

A que você atribui esses ataques após sua ação na Bienal do Livro? Você esperava essa toda essa repercussão toda?

É preciso investigar os ataques à reputação, a criação de fakenews e o uso de BOTs para subir hashtags. Quando isso for investigado a fundo, muita gente poderosa vai cair. Nós já esperávamos que isso fosse acontecer, porque é o modo de operar desse desgoverno. Tudo eles levam para o campo das reputações e tentam destruir os que se opõe. Porém, isso nunca será capaz de nos parar, pois nós lutamos pelo amor. E o amor não se vence, pois ele nunca acaba.

Você se tornou um alvo habitual de bolsonaristas nas redes sociais após passar a fazer críticas ao governo. Como avalia isso? Pretende continuar no debate público mesmo com o "desgaste" que isso pode gerar dentro do seu próprio meio profissional, que são as redes sociais?

Não estou preocupado com o desgaste. Minha imagem não representa nada perto da importância de se lutar por um mundo melhor. Vou seguir fazendo a minha parte e sei que a maioria dos meus seguidores estará ao meu lado, pois eles entendem que a luta é pela igualdade e união.

Sua atitude de comprar e distribuir os livros em resposta à tentativa de censura do prefeito Marcelo Crivella pode também ser considerada uma jogada de marketing para promover o lançamento do seu mais recente livro?

Se fosse, eu teria colocado a ação ao lado da venda do meu livro. Não fizemos absolutamente nada para aumentar as vendas.

Foram levantadas declarações antigas suas criticando a comunidade LGBT+. O que te fez mudar de postura e opinião? Como foi esse processo para você?

Eu cresci em um meio muito tradicional e reacionário. Quando comecei a gravar vídeos para a internet, era um menino de 21 anos ainda em processo de amadurecimento, o que me fez criar um personagem reclamão que falava muito palavrão e dizia alguns clichês idiotas e preconceituosos. Dez anos se passaram e, quem me acompanhou durante esse tempo, sabe o quanto eu lutei para corrigir meus erros do passado. Espero que a minha história possa servir de inspiração para muitos jovens que também crescem cheios de preconceitos e reacionarismo dentro de si. É possível vencer.

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Estadão
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