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Eduardo admite erros da direita e já faz planos sem Aliança

Filho do presidente aposta em organizar e melhorar a comunicação e lança instituto para fazer 'guerra de ideias' para 2022

9 dez 2020 - 11h02
(atualizado às 11h07)
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BRASÍLIA - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) admite que a direita não foi bem nas eleições municipais deste ano e quer evitar repetir os mesmo erros em 2022. A solução, segundo ele, é organizar e melhorar a comunicação. Com este propósito e o discurso de vencer uma "guerra de ideias", na noite de terça-feira, 9, o filho do presidente Jair Bolsonaro lançou o Instituto Conservador-Liberal (ICL) ao lado do advogado Sérgio Sant'Ana, ex-assessor especial do Ministério da Educação na gestão de Abraham Weintraub.

 O deputado Eduardo Bolsonaro antes da cerimônia de posse do novo ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich
O deputado Eduardo Bolsonaro antes da cerimônia de posse do novo ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich
Foto: Dida Sampaio / Estadão Conteúdo

Para uma plateia formada por ministros, secretários, parlamentares, militantes de direita e blogueiros, Eduardo afirmou que o movimento conservador precisa sobreviver a Jair Bolsonaro e não se limitar às disputas eleitorais. Neste ano, bolsonaristas não repetiram nas urnas o feito de 2018, enquanto partidos de centro, identificados como a "velha política", se fortaleceram.

"Nessa eleição, vimos pessoas com os mesmos propósitos, os mesmos ideais trocando farpas porque nunca sentaram, nunca tomaram um suco juntos, uma cerveja pra alinhar as ideias. Será que sou eu estou tendo essa percepção? Eu tenho certeza que não. Nós parlamentares estamos na política sabemos que faltaram organização e comunicação. Não é para eleger o Eduardo Bolsonaro não. É para nós fazemos uma base, porque o Jair Bolsonaro não é perene, um dia ele vai morrer e esse movimento tem que continuar", disse Eduardo, que é o presidente do ICL.

Um dos fundadores do Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro lançou no ano passado, Eduardo admitiu que a sigla pode não sair do papel para abrigar o grupo que se formou no entorno do presidente. Segundo ele, caso a legenda não consiga o registro da Justiça Eleitoral, o plano é ingressar em uma legenda que esteja disposta até mesmo a mudar do nome, alternar o estatuto e ceder o espaço pra seu grupo. "É claro que o sonho é o Aliança e continuamos trabalhando pra isso."

O encontro que marcou o lançamento do instituto ocorreu em um bar da Asa Sul de Brasília. No espaço lotado, todos os convidados estavam sem máscara, medida recomendada para evitar o contágio da covid-19. Apenas funcionários do local e a repórter do Estadão permaneceram com a proteção. Entre os presentes, estavam os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Marcelo Álvaro Antonio (Turismo), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Onyx Lorenzoni (Cidadania), que discursaram. O secretário especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, foi o mestre de cerimônias da noite.

Um vídeo de 2minutos e 20 segundos para apresentar o instituto destacou cenas de recentes protestos no Chile e confronto entre polícia e manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo. O filme ainda mostra uma performance de artistas nus e de uma mulher defecando sobre uma foto de Bolsonaro. Em outro momento, o vídeo reproduz um tuíte do jornalista Guga Chacra, da GloboNews, comparando as eleições brasileiras às americanas e exibe notícias de sites e jornais sobre a covid-19 e o sobre o assassinato de João Alberto Freitas, assassinado por seguranças do Carrefour em Porto Alegre, enquanto Eduardo fala em "manipulação da verdade".

"Os inimigos desses valores (conservadores) tornaram-se mestre em manipular a verdade, vestirem-se de suas próprias roupas, subvertê-las linguisticamente e tirar proveito das emoções e mais nobres sentimentos, conquistando corações e almas até mesmo dos mais bem intencionados", diz.

Instituto

O ICL é inspirado nos "think tanks" conservadores americanos, como The Heritage Foundation. CEO do recém-lançado instituto, Sant'Ana disse que a proposta é oferecer cursos de formação política, publicar livros, promover intercâmbio e criar grupos de pensadores de direita para influenciar nas políticas públicas. Ainda sem sede própria, os fundadores pedem doações dos entusiastas para colocar o instituto de pé.

"A gente quer literalmente, como o Sérgio Santana falou aqui, é copiar e colar, por exemplo, a Heritage Foundation, que tem um orçamento milionário e com isso entram na guerra cultural. Lá o fim não acaba na próxima eleição. A gente quer transcender a questão da Presidência de 2018 e essa bancada de mais de 50 do PSL", disse Eduardo.

O instituto também passará a organizar no Brasil a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), evento de direita ocorre desde 1974 nos Estados Unidos. A primeira edição brasileira ocorreu em 2019. A próxima, ainda sem data definida, ocorrerá em Brasília em 2021. De acordo com o parlamentar, a ideia é, além de um evento nacional anual, organizar pequenas conferências em todos os Estados.

Sant'Ana disse que "no imaginário popular brasileiro o conservadorismo ainda é visto como atraso". " A ideia do instituto é Pensar o Brasil pela lógica conservadora-liberal, realizar e elaborar propostas políticas para que daqui a dois anos todos que integram o nosso movimento saibam exatamente quais são nossas bandeiras", explicou.

Leia a seguir entrevista com Eduardo Bolsonaro, deputado federal do PSL-SP

O sr. falou em erros nas eleições deste ano. Como o instituto pode repará-los para 2022?

Falei que pessoas com o mesmo ideal se viram competidores numa eleição e trocaram farpas por pensar que estavam disputando o mesmo nicho eleitoral. Isso não tem que acontecer. Tendo o instituto, um local onde as pessoas sentem, olhem um nos olhos do outro, apertem as mãos e conversem, quem sabe elas podem chegar a um entendimento. Podem ser duas candidaturas, mas de maneira mais convergente. Ou centralizar em uma candidatura só que tem mais chance de chegar. Essa é a nossa disposição.

O que a eleição dos Estados Unidos fica de lição para a eleição de 2022 no Brasil?

Não usar a Smartmatic (a empresa forneceu urnas para as eleições venezuelanas e é acusada pela direita de fraude, o que nunca foi provado. A empresa também não fornece urnas eletrônicas para o Brasil). Não usar nenhum tipo de meio eletrônico de apuração que não seja possível e implementar o que povo pede que é o voto impresso. Se nos Estados Unidos, está ocorrendo esse problema todo. No Brasil, temos dois anos para evitar tudo isso, apoiando a PEC da (deputada) Bia Kicis (PSL-DF).

Aqui foi falando da necessidade de criar um partido, mas já se tentou criar o Aliança. O Aliança segue?

É qualquer partido. O projeto do Aliança segue, com coleta de assinaturas etc, mas também não afasta outras hipóteses, caso o Aliança não dê certo, de ir para um partido, mudar o nome dele, mudar o estatuto, colocar bandeiras conservadoras, pessoas alinhadas a nós. Então é um partido que nos abrigue. É claro que o sonho é o Aliança e continuamos trabalhando pra isso.

Esse Instituto terá espaço de autocrítica para a direita?

Claro, lavar roupa suja dentro casa, com certeza. Às vezes, pecamos por tornar públicas críticas que não merecem ser públicas, problemas que seriam facilmente resolvidos se tivéssemos uma melhor comunicação.

Em 2018, o presidente Bolsonaro foi apresentado como um "outsider", mas agora ele é o presidente. Acha que é possível repetir o fenômeno?

O preço da liberdade é a eterna vigilância. Não podemos cometer o mesmo erro dos nossos adversários que nos subestimaram em 2018. A esquerda nunca morre. Em 1989, caiu o Muro de Berlim, em 1990 criava-se o Foro de São Paulo, nove anos depois elegia o primeiro presidente Hugo Chávez na Venezuela. Aí veio a sequência: Lula, Mujica (Uruguai), Morales (Bolívia). Não me estresso mais com isso. Pra mim é constante essa batalha, esse front. Então é expondo a esquerda, mostrando porque as ideias são ruins, participando de debates e formando cabeças pensantes.

O sr. disse que o presidente Bolsonaro não é perene e que o movimento tem que continuar...

Não é perene. Desde a eleição 2018 sabemos que precisamos transformar esse tsunami em uma onda permanente. Muita gente acha que 2018 passou, eu discordo. Após 2018 nada mais será igual. A presença nas redes sociais, entre outros fatores. O brasileiro hoje em dia talvez não saiba os 11 titulares da Seleção Brasileira, mas sabe o nome da maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), deputados e senadores. Estamos atravessando um momento de amadurecimento político e certamente nada mais será igual

O STF barrou a possibilidade de reeleição no Congresso. O sr. já decidiu o seu apoio?

Vamos conversar com os candidatos que se apresentarem e ver quem está disposto a colocar pautas adiante como proibição do aborto, rever e revogar o Estatuto do Desarmamento. É isso que vai levar os votos desses 30 aqui.

O sr. não está fechado com o deputado Arthur Lira (PP-AL)?

Estou aberto a todos. Nosso movimento aqui é de ideais. Não é um comprometimento com pessoas, é com ideias.

Estadão
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