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Eduardo circula com lobista que confessou ilicitude nos EUA

Jerry Pierce-Santos confessou culpa à Justiça americana em 2009 após ter sido investigado pelo FBI e por corregedoria de Departamento de Habitação

7 out 2019 - 19h29
(atualizado às 21h42)
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Em ao menos duas visitas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a Washington desde a eleição presidencial de seu pai, Jair Bolsonaro, em outubro de 2018, o parlamentar esteve acompanhado em agendas de trabalho pelo lobista Jerry Pierce-Santos. Presidente da empresa de consultoria The Interamerica Group (TIG), Pierce articulou um jantar com empresários para recepcionar Eduardo em novembro e acompanhou o deputado em viagens a Miami e Nova York.

O lobista confessou culpa à Justiça americana, em 2009, por contribuição ilegal de campanha após ter sido investigado pelo FBI, a polícia federal americana, e pela corregedoria do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, do qual ele fez parte durante governo do presidente americano George H.W. Bush.

O The InterAmerica Group foi uma das duas empresas de lobby que organizou no ano passado o jantar no Trump International Hotel - empreendimento do grupo de empresas do presidente Donald Trump. O convite para o encontro organizado em novembro, ao qual o Estado teve acesso, trazia os logos do The InterAmerica Group e da consultoria ACG Analytics. Segundo o Estado apurou, Pierce também foi um dos articuladores da reunião entre Eduardo e Rudolph Giuliani, ex-prefeito de NY. O relacionamento com o filho do presidente do Brasil é exibido em fotos nas redes sociais de Pierce-Santos.

Há duas semanas, no dia 27 de setembro, Eduardo voltou a se encontrar com o lobista. Após integrar a delegação brasileira que acompanhou Bolsonaro na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no último dia 25, Eduardo estendeu a permanência nos EUA. O presidente embarcou de volta a Brasilia na noite do próprio dia 25, com a maior parte da comitiva brasileira. Já o deputado permaneceu em Nova York acompanhado do assessor para Assuntos Internacionais do Planalto, Filipe Martins, por pelo menos mais dois dias e, de lá, viajou a Washington no dia 27.

Escolhido para ser embaixador do Brasil nos EUA pelo pai, o deputado apareceu em fotos do Itamaraty acompanhando o chanceler, Ernesto Araújo, em reuniões bilaterais com outros chanceleres em NY. Em nenhuma das diversas abordagens o deputado respondeu a perguntas da imprensa ou divulgou informações de sua viagem.

Em Washington, o deputado esteve entre os convidados para um evento em homenagem ao dia da herança hispânica, organizado na Casa Branca, que teve discurso de Trump. Eduardo tenta mostrar a proximidade com o presidente dos Estados Unidos como credencial para o posto de embaixador. A indicação do deputado, não oficializada pelo Planalto até o momento, sofre resistência no Senado.

O lobista Jerry Pierce-Santos e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República
O lobista Jerry Pierce-Santos e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República
Foto: Instagram/Eduardo Bolsonaro / Estadão Conteúdo

Jerry Pierce esteve na Casa Branca com o deputado e, de lá, o levou novamente ao Trump Hotel, para uma recepção aos convidados do evento. No local, Eduardo Bolsonaro esteve junto de Pierce e Kellen Felix, vice-presidente da empresa.

O The InteramericaGroup nega ter participado da organização do último evento, realizado no dia 27 de setembro. Apesar disso, um dos seguranças do Trump Hotel se dirigiu a Kellen para saber se a presença da imprensa brasileira no lobby do hotel incomodava os convidados. Minutos depois de a integrante do The Interamerica Group ser contatada pela segurança, a imprensa foi impedida de ficar no local, mesmo nas áreas que não estavam reservadas para o evento.

A reportagem do Estado perguntou à assessoria do deputado sobre a agenda do congressista nos EUA e relação com Jerry Pierce-Santos. O deputado não respondeu às perguntas da reportagem.

Contribuição ilegal

Em 2009, Pierce fez um acordo no qual assumiu culpa perante juiz na Corte do Distrito de Columbia, acusado de contribuição ilegal de campanha. De acordo com os documentos da justiça americana, durante 2003 ele acertou com dez pessoas a doação a um candidato que ele apoiava. O limite para doação individual a campanhas federias, na época, era de US$ 2 mil. Mas as dez pessoas repassaram ao menos US$ 17 mil ao candidato apoiado por Pierce. Depois das doações, o lobista reembolsava os doadores laranja.

Em nota, a assessoria do The Interamerica Group afirmou que "a questão sobre finanças de campanha de Jerry Pierce Santos aconteceu em 2004 e foi completamente resolvida". "O total de contribuições foi US$ 17 mil. Isso não teria acontecido nas regras de financiamento de campanha de hoje, pois o valor permitido para doações políticas aumentou significativamente. O Sr. Pierce completou as 300 horas de serviço comunitário necessárias ajudando presos latinos recentemente libertados a se reunirem com suas famílias e com a comunidade", informou a empresa.

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