Educação musical: cresce adesão em escolas físicas e on-line
Segundo estudo, pode levar até dez anos para que as crianças se recuperem da pandemia; especialista fala sobre os benefícios da educação musical para os jovens
Decretadas por governos do mundo todo para conter a pandemia de Covid-19, as medidas de quarentena e isolamento social afetaram também afetaram de forma sensível as crianças. Segundo estudo desenvolvido pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), é possível que se leve uma década para que elas se recuperem dos impactos emocionais sofridos neste período da crise sanitária.
A alteração repentina nos hábitos, que incluiu o fechamento de escolas, a falta de contato com os amigos e o fechamento de espaços antes frequentados para lazer, tem preocupado pais e educadores.
Pensando nisso, surgem iniciativas como a da UPF (Universidade de Passo Fundo), no Rio Grande do Sul, que promove aulas gratuitas, de forma on-line, para mais de 40 crianças e adolescentes. A iniciativa faz parte do programa Estágio Social do curso de Música e atende jovens entre 7 e 17 anos.
Na análise de Paulo Portela CEO da School of rock - rede internacional de escolas de música focada em performance -, a música tem sido uma aliada importante para todos, especialmente para a faixa etária mais jovem, neste período de distanciamento social.
"A busca pela prática musical nesta fase refletiu uma das possibilidades positivas de se explorar o autoconhecimento como alternativa de produção, substituindo, em muitas vezes, atividades coletivas que foram abandonadas temporariamente pela necessidade de resguardo que todos nós tivemos", afirma.
Portela acredita que, para além do aprendizado na escola, a educação musical tem impactado na melhoria do bem-estar das crianças e jovens em contexto de pandemia.
"Durante a época mais reclusa da pandemia, recursos foram desenvolvidos na School of Rock, por exemplo, para manter ativa diversas formas de interação entre os alunos, conseguindo minimizar o impacto da impossibilidade de socialização presencial e mantendo a relação ensino-aprendizagem em progresso, sempre respeitando as individualidades e necessidades específicas deste momento tão atípico para todos", diz.
Com efeito, a música esteve presente na rotina de grande parte dos brasileiros durante a crise sanitária. Dados da IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica) revelam que o segmento cresceu 24,5% no país em 2020, alavancado pelo aumento do consumo dos serviços de streaming.
Qual a importância da Educação Musical?
O CEO da School of Rock cita dados de estudos realizados pelo BCI (Brain and Creativity Institute), unidade de pesquisa da Faculdade de Letras, Artes e Ciências da Universidade do Sul da Califórnia.
"Segundo as pesquisas, somente dois anos de ensino de música já trazem vários benefícios. Além disso, o ensino de música também aumenta o envolvimento das redes cerebrais responsáveis pela tomada de decisões e a capacidade de focar a atenção e inibir impulsos", destaca.
No Brasil, o ensino de música no ensino fundamental e médio é obrigatório por lei. "Apesar disso, infelizmente, a educação musical ainda não está presente em todas as escolas brasileiras, o que traz à tona as escolas particulares, que oferecem esse recurso que é tão importante para o bem-estar do indivíduo como um todo", afirma o empresário.
De acordo com o especialista, antes de formatar um currículo a ser cumprido pelo estudante de educação musical, as escolas devem entender qual a busca que cada indivíduo tem na sua relação com a música.
"As escolas devem entender os sonhos, as necessidades e vontades dos estudantes de educação musical. Mais do que uma escola formadora, devem se dispor como um ninho de jovens talentos, uma vez que os alunos iniciam suas jornadas de forma despretensiosa e podem transformar suas vidas por meio da prática musical, que será a aliada para as crianças e jovens seja no futuro que irão construir", conclui.
Para mais informações, basta acessar: https://www.schoolofrock.com.br/
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