27,5% dos bebês até 1 ano de vida não estão na creche por falta de vaga ou de estabelecimento
Oferta de vagas em creches e pré-escola tem relação com a entrada de mulheres em idade reprodutiva no mercado de trabalho
Rio - Embora venha aumentando a escolarização de crianças e adolescentes no País, uma parte significativa das crianças até 3 anos de idade estão fora da creche ou da pré-escola contra a vontade dos pais, mostram dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Educação 2019, 27,5% dos bebês até um ano de vida não estavam na creche porque não havia vaga ou porque a escola disponível ainda não aceitava a criança por conta da idade. Esse porcentual subia a 37,4% no Norte e a 33,9% no Nordeste.
Entre as crianças de 2 a 3 anos de idade, 39,9% não estudavam por falta de vaga ou de estabelecimento que aceitasse a criança nessa faixa etária. No Norte, essa fatia era de 46,1%, e no Nordeste, de 49,3%.
A oferta de vagas em creches e pré-escola tem relação com a entrada de mulheres em idade reprodutiva no mercado de trabalho. O estudo mostra que 27,5% das mulheres jovens, de 15 a 29 anos de idade, não estudavam, nem trabalhavam nem faziam qualquer tipo de qualificação.
Segundo Marina Aguas, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, essas mulheres muitas vezes estão ocupadas com afazeres domésticos e cuidado de pessoas, especialmente crianças.
"Principalmente as mulheres muitas vezes exercem atividades e afazeres de base, e que dentro da Organização Internacional do Trabalho (OIT) já tem uma discussão enorme de que sejam as outras formas de trabalho, trabalho ampliado, que não só trabalho de mercado. O que a gente quer mostrar aqui é a questão do trabalho de mercado e do estudo, mas não significa que esse grupo não esteja fazendo nada", disse Marina Aguas.
Entre as mulheres de 14 a 29 anos que não frequentam a escola nem concluíram o ensino médio, quase um quarto delas (23,8%) deixaram os estudos porque ficaram grávidas. Mais 23,8% deixaram os estudos porque precisavam trabalhar, e 11,5% porque precisavam realizar afazeres domésticos ou cuidar de pessoas.
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