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"A última ceia": entenda a obra de Leonardo da Vinci

Mural é exemplo da habilidade do artista, que conseguiu acomodar Cristo e os 12 apóstolos num espaço impossível

10 mar 2023 - 12h15
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Leonardo da Vinci trabalhou cerca de três anos, entre 1495 e 1498, em "A Última Ceia", mural encomendado pelo mosteiro de Santa Maria delle Grazie, em Milão. A naturalidade da disposição de Cristo e dos 12 apóstolos no painel é uma das principais características da obra. As figuras estão dispostas em dois planos de perspectiva e são ordenadas em quatro grupos de três. A composição é tão habilidosa que quase não se nota que, na realidade, seria impossível que eles coubessem na mesa. Apenas Cristo aparece isolado no centro, no ponto de fuga do quadro, dominando o cenário.

Foto: Leonardo da Vinci/Reprodução / Guia do Estudante

A expressão e os gestos dos personagens conferem dramaticidade. É como se a obra captasse o momento exato da cena bíblica em que Jesus se levanta e pronuncia: "Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá". E, ao fim da frase, cada apóstolo, então, reagisse de acordo com os impulsos de seu caráter. Judas, por exemplo, aparece com um perfil escuro e desafiador. A harmonia e a integração das imagens são tão complexas que exigiram muito até mesmo de Leonardo. Segundo relatos do historiador Giorgio Vasari (1511-1574), não era raro o pintor passar até a metade de um dia contemplando a obra sem dar uma única pincelada.

Pressionado a terminar o mural que adornaria a parede dos fundos do refeitório do monastério, o artista retrucou: "Homens de gênio às vezes fazem o máximo quando trabalham o mínimo, pois estão engendrando invenções e formando na mente a ideia perfeita que depois expressarão com as mãos". De fato, "A Última Ceia" foi um marco do Alto Renascimento, fase áurea do movimento no século 16. O artista era visto como alguém iluminado pela inspiração divina, capaz de feitos sobre-humanos.

Leonardo, porém, era apenas um homem. Em "A Última Ceia", ele decidiu usar a pintura a óleo e têmpera sobre uma parede seca em vez do afresco tradicional renascentista, no qual se aplica tinta sobre argamassa úmida. O resultado foi o desgaste precoce da obra. No século 16, três quartos dela já haviam desvanecido. Mais trágica foi a preservação da obra. Durante a invasão da Itália pelas tropas de Napoleão Bonaparte, no início do século 19, o mosteiro foi utilizado como estábulo, e era prática comum dos soldados franceses atirar pedras na cabeça de Cristo e dos apóstolos.

Das diversas tentativas de restauração, algumas desastrosas, a mais bem-sucedida terminou em 1999, depois de 21 anos de trabalho, e revelou elementos ocultos. Sobre a mesa foram desvendados figuras de pães, taças de vinho, um prato com peixe e uma laranja. "Ao compor uma natureza-morta no interior de A Última Ceia, Leonardo antecipou Caravaggio [mestre barroco nesta forma de representação] em um século", afirmou à época o diretor do Instituto Central de Restauração da Itália, Giuseppe Basile.

A Última Ceia / Leonardo da Vinci

Técnica - Óleo e têmpera sobre pedra

Tamanho - 460 x 880 cm

Local - Mosteiro de Santa Maria delle Grazie, Milão (Itália)

Esse texto faz parte do especial "100 Obras Essenciais da Pintura Mundial", publicado em 2008 pela revista Bravo!

Guia do Estudante
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