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Alfabetizar na base para evitar o analfabetismo tardio

Mais de 11 milhões de pessoas com 15 anos ou mais permanecem analfabetas no Brasil

17 mai 2024 - 16h57
(atualizado às 18h36)
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Dados do IBGE sobre analfabetismo mostram que os mais afetados são os mais vulneráveis
Dados do IBGE sobre analfabetismo mostram que os mais afetados são os mais vulneráveis
Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO / Estadão

O IBGE divulgou hoje os dados de analfabetismo tardio no Brasil. Os números revelam progresso. Ao mesmo tempo, mais de 11 milhões de pessoas com 15 anos ou mais permanecem analfabetas no País. Os mais afetados são os mais vulneráveis: o Nordeste possui uma taxa de 14% de pessoas analfabetas - o dobro da média nacional - os indivíduos pretos e pardos 10% e 8%, respectivamente e os indígenas 16,1% - quase 4 vezes mais que a taxa observada entre os brancos - 4%.

O analfabetismo é a privação de um direito básico que afeta profundamente as pessoas. A alfabetização é condição necessária, embora não suficiente, para exercer a cidadania e o pleno potencial em todas as dimensões da vida.

Para acabar de vez com o problema é preciso atuar na base. Em média, menos de 50% das crianças são alfabetizadas ao final do 2º ano do ensino fundamental - e essa média esconde enormes desigualdades, que se mantêm ao longo do tempo. Aprendemos a ler e depois lemos para aprender. Sem ler, escrever e compreender textos as crianças são privadas de explorar o mundo do conhecimento e têm suas oportunidades severamente limitadas, o que gera um ciclo vicioso de exclusão educacional e social.

A responsabilidade de reverter esse cenário é coletiva. Estados e municípios avançam com a implementação de políticas locais de alfabetização na idade certa e o governo federal lançou há cerca de um ano o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.

Atuar nos anos iniciais da escolarização é imperativo, mas e quem já ficou para trás? Nesse caso, as redes devem oferecer soluções para sanar lacunas de aprendizagem persistentes. Estratégias de recomposição das aprendizagens estão sendo colocadas em prática por dezenas de redes de ensino pelo Brasil e é possível recuperar. O que os dados do Censo mostram é que a recomposição das aprendizagens, ao lado da alfabetização na idade certa, deveria ser prioridade para todas as redes.

E o que você pode fazer? Primeiro, reconhecer que a alfabetização é um direito de todas as crianças e que não é um processo natural - as pessoas são ensinadas a ler e escrever. Leia com e para as crianças, peça que elas leiam. Estar atento à leitura, escrita e compreensão é tarefa de todos. Procure a escola caso perceba dificuldades (em qualquer idade) - e em parceria com os educadores estabeleça as medidas que serão tomadas na escola e em casa. Por fim, lembre que estamos em ano eleitoral. A alfabetização é uma prioridade para os candidatos e candidatas à prefeitura de sua cidade? Essas pessoas falam sobre isso em suas campanhas?

É imperativo que existam políticas públicas de longo prazo e que a sociedade como um todo se engaje nesse desafio. O futuro de milhões de brasileiros depende de nossa capacidade de garantir que cada criança, independentemente de sua origem, tenha acesso ao direito de ler e escrever.

Estadão
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