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Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Pesquisa foi reconhecida por feira de ciências; definições de 'negro' e 'preto' foram analisadas em documentos de diferentes épocas

23 abr 2024 - 09h41
(atualizado às 15h53)
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Francielle Meira ganhou o primeiro lugar na categoria Ciências Humanas, na Febrace 2024, com a pesquisa que mostra o racismo nos dicionários brasileiros
Francielle Meira ganhou o primeiro lugar na categoria Ciências Humanas, na Febrace 2024, com a pesquisa que mostra o racismo nos dicionários brasileiros
Foto: Febrace/Divulgação / Estadão

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas, como imaginado. A estudante do 3º ano do ensino médio Franciele de Souza Meira, de 17 anos, chegou a essa constatação a partir de uma pesquisa de iniciação científica em que analisou as definições das palavras "negro" e "preto" em 17 dicionários das mais variadas épocas. A maioria deles continha definições pejorativas.

A pesquisa lhe rendeu o prêmio de primeiro lugar na categoria Ciências Humanas da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) 2024, após disputar com 43 projetos finalistas da feira de iniciação científica para jovens.

A hipótese de Franciele de que os dicionários tinham viés foi comprovada, mas até mesmo a aluna se surpreendeu ao perceber que isso não se restringia àqueles publicados em períodos antigos. Muitos dicionários atuais continuam carregando definições racistas.

"Não esperava é que durante todo o século 20 isso fosse mostrado e que continuasse esse discurso no século 21. Em 2011, ainda foi colocada essa relação entre indivíduos negros e a escravidão. A mulher negra era colocada como mulher escrava, mulher em cativeiro", conta a estudante.

Ela explica ainda que as definições faziam referências históricas ou colocavam que poderia haver significado figurado ou pejorativo.

Para Franciele, a maior aprendizagem foi ser mais crítica com os discursos. "Aprendi uma nova metodologia de como ver discurso."

Para o professor José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, o exemplo dado por Franciele em sua pesquisa pode servir como uma ferramenta de consciência social de como o discurso já traz implicitamente juízos de valores que traduzem "uma percepção totalmente inadequada, indevida, injustificada e injusta sobre parte da população brasileira".

"Assim, os jovens, além de terem elementos para fazer essa análise, poderão também estimular que os adultos se debrucem sobre essa questão e ajudem a fazer essa transformação para que as pessoas não sejam tão agredidas e hostilizadas por um viés de julgamento que está embebido em um discurso de preconceito e discriminação racial", afirma.

Estadão
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