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Alunos criticam projeto de segurança para escolas em SP

Eles cobram mais diálogo com o governo; gestão Doria destaca que adesão é voluntária

13 ago 2019 - 03h11
(atualizado às 17h35)
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Há quatro anos, eles assistiram os alunos de turmas pouco mais velhas que as deles ocuparem mais de uma centena de escolas contra um projeto do governo estadual de São Paulo que pretendia fechar colégios. Com 12 ou 13 anos, eles viram os colegas não só barrar o plano, mas ainda sair com a promessa de que teriam mais poder de decisão nas políticas educacionais. Há um mês o governador João Doria (PSDB) apresentou um grande projeto de segurança para as escolas e os alunos dizem não ter sido consultados. Por isso, decidiram mais uma vez protestar.

"Prometeram mais diálogo, mais participação dos alunos. Eu ainda estava no ensino fundamental e acreditei na promessa, achava que a escola iria melhorar, teria mais a minha cara. Mas nada mudou, tudo o que chega às escolas é imposto, assim como esse programa de segurança", diz um aluno do 3.º ano do ensino médio da Escola Estadual Emiliano Cavalcanti, no Alto de Pinheiros, zona oeste da capital - o Estado optou por não identificar os estudantes por serem menores de idade.

No início de julho, o governador apresentou o programa Escola Mais Segura, que prevê o investimento de R$ 60 milhões na contratação de policiais para reforçar o patrulhamento das escolas, instalação de câmeras de segurança integradas ao sistema da polícia e a liberação para que policiais aposentados possam trabalhar na parte administrativa dos colégios.

"É um investimento alto em uma série de equipamentos que podem ser prejudiciais para muitos alunos. Tenho certeza que a maioria dos estudantes preferia receber uma merenda de melhor qualidade, ter a certeza de que tem caderno e lápis ou que sua sala não tem goteiras", disse uma aluna, de 17 anos, da escola técnica (Etec) Santa Ifigênia, no centro de São Paulo.

Inspirados nos "veteranos", eles decidiram ir hoje às ruas protestar contra o projeto que chamam de "militarização da educação". De uma dezena de escolas públicas de São Paulo, eles se organizaram nas férias de julho e dizem ter o apoio de alunos de colégios particulares.

Consulta

Rossieli Soares, secretário estadual da Educação, diz que o projeto não foi imposto e a adesão das escolas será voluntária, a depender de discussão com a comunidade escolar. "Elas vão ter de debater com pais, alunos e professores antes de aderir. Garantimos que todos serão ouvidos e a vontade da comunidade será respeitada, mas eles têm de entender que não são só os alunos que devem ser consultados."

Segundo ele, o projeto de lei que permitirá a atuação dos policiais aposentados nas escolas ainda não está pronto. "Não é qualquer policial que pode trabalhar em uma escola. Vamos pensar em como garantir que só estejam aqueles que tenham perfil adequado para lidar com crianças e adolescentes."

Já no governo federal, a promessa é apostar em escolas cívico-militares, com gestão compartilhada entre a secretaria da educação local e a PM. Para isso, a União autorizou em julho atuação de policiais e bombeiros da ativa em colégios desse modelo.

UNE e Ubes fazem terceiro ato pela Educação

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Secundaristas (Ubes) realiza hoje o terceiro ato do ano contra o corte orçamentário na Educação brasileira. Eles reivindicam a recomposição do orçamento das universidades federais, a concessão de bolsas de pesquisa que foram congeladas e protestam contra o projeto Future-se, apresentado pelo governo federal como alternativa de financiamento para o ensino superior público.

Segundo Pedro Gorki, presidentes da Ubes, os protestos estão marcados em todas as capitais do País e mais 200 cidades. O ato é apoiado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que marcou paralisações de professores e funcionários em escolas das redes municipais e estaduais e nos institutos de ensino superior federais. Procurado, o Ministério da Educação (MEC) não quis comentar sobre o ato.

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