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Alunos questionam eficiência do Enade na avaliação de cursos

Estudantes dizem não sentir na prática a finalidade teórica da prova, usada pelo Inep para medir a qualidade dos cursos do ensino superior

23 nov 2014 - 18h09
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Aproximadamente 483,5 mil estudantes foram convocados para participar do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2014, aplicado neste domingo em todo o país. Criado em 2004, ele avalia o rendimento dos estudantes dos cursos de graduação em relação ao conteúdo programático, suas habilidades e competências e é usado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para compor índices que medem a qualidade de cursos e instituições de ensino superior. Estudantes ouvidos pela Agência Brasil, neste domingo, porém, dizem não sentir na prática a finalidade teórica da prova.

Segundo o estudante Jaime Augusto Barbosa Neto, que está finalizando a graduação em engenharia civil no Centro Universitário de Brasília, a nota da avaliação não reflete a qualidade do curso. “Acho que deveria ter um critério melhor de avaliação, avaliar ao longo dos anos, pelas aulas e não só por uma prova. Principalmente para cursos como o meu, que não têm a grade linear, aqui [em Brasília], por exemplo, temos mais conteúdo sobre solo e outros estados têm o currículo mais voltado para a parte hidráulica”, disse.

Este ano, o Inep não faz o processo de amostragem e todos os estudantes concluintes habilitados ao Enade 2014 e inscritos pela respectiva instituição de educação superior foram convocados para a avaliação. O aluno que não fizer a prova não poderá receber o diploma enquanto não regularizar a situação, participando do Enade em anos seguintes.

A estudante de pedagogia Helena Beatriz Brito da Costa disse que muitos colegas vão boicotar o exame e entregar o gabarito em branco. “Mas tem gente querendo fazer bem a prova porque na avaliação passada o curso de pedagogia ficou com uma nota muito ruim”, ponderou. Ela conta ainda que a coordenação do curso da Universidade de Brasília (UnB) tirou dúvidas sobre o preenchimento do questionário socioeconômico e cobra que, durante o curso, haja uma orientação a respeito do Enade.

A estudante Amanda Rosa também acha que o boicote prejudica o resultado do exame, mas disse que vai fazer a prova para se autoavaliar. “Quero me comparar com outras pessoas que estão se formando porque é com elas que vou concorrer em provas de mestrado e outros concursos que vêm pela frente”, disse a estudante de química da UnB.

A cada ano, o exame avalia um grupo diferente de graduações. Neste ano, participam do Enade alunos de 33 cursos superiores nas áreas de ciências exatas, licenciaturas e áreas afins. 

O estudante de educação física da UnB Luiz Felipe Rosa acredita que, para o seu curso, o Enade ficará defasado. “Hoje ele é dividido em licenciatura e bacharelado, mas o meu curso ainda é do currículo antigo, então vou fazer a prova para avaliar um curso que não existe mais, para comparar com cursos diferentes”, explicou.

A divulgação do boletim de desempenho dos participantes do exame está prevista para o segundo semestre do próximo ano. Procurada, a assessoria do Inep informou que na segunda-feira divulgará nota sobre o Enade 2014 e comentará os questionamentos dos estudantes. Em 2013, o exame teve 13,7% de abstenção.

Agência Brasil Agência Brasil
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