Aplicativos se tornam ferramenta de estudo para quem quer aprender novo idioma
Exercícios divertidos mesclados com ações do cotidiano conquistam quem deseja não gastar muito; especialistas alertam sobre melhor uso
Entre a correria do dia a dia e valores dos cursinhos, aplicativos têm sido uma "mão na roda" para quem busca aprender outro idioma. A curiosidade, praticidade e economia estão entre os principais motivos para a escolha.
Com presença fiel nas redes sociais, o Duolingo é um dos mais utilizados por esse público e possui mais de 500 milhões de alunos em todo mundo, de acordo com dados do próprio aplicativo. O app da corujinha possui um sistema muito comum entre os apps de educação: combina situações do cotidiano e momentos da cultura pop com exercícios de gramática e conversação.
Foi justamente este sistema que atraiu a estudante Helena Botelho, que usa o app há três anos. Para ela, os exercícios e metas diárias estimularam o aprendizado.
"Comecei estudando italiano e recentemente comecei algumas lições de alemão. Nesse desafio de praticar todo dia, eu peguei o hábito de fazer uma liçãozinha todos os dias, mesmo que ela seja bem curta", comenta, em entrevista ao Terra.
Usuária assídua da ferramenta, Helena diz que o aplicativo dá uma luz a quem nunca fez aulas formais, mas deseja aprender outros idiomas.
"Naturalmente, você começa a fazer as conexões entre a sua língua materna e a que 'tá' aprendendo, aí é um desafio gostoso. Ele tem alguns defeitos, às vezes umas construções no português não são muito naturais e você acaba errando a lição, mas ainda assim acho que vale o tempo gasto. Tem muito exercício de escuta, tradução, pronúncia e tal. Ajuda bastante pra quem não tem noção nenhuma da língua", avalia.
App não supre necessidade do professor
Professor de inglês há seis anos, Raul Agostini valida a importância dos aplicativos para quem deseja aprender outras línguas. No entanto, ele destaca que, para ter uma boa evolução, é necessário o apoio de um curso ou profissional.
"Para as pessoas que estão começando uma língua do zero, vejo que é importante ter um acompanhamento, seja com o curso ou com um professor, alguém que consiga fazer um plano de estudo para ver o progresso dessa pessoa ao longo do tempo", explica Raul.
Outra alternativa, acrescenta o professor, é levar os exercícios do app como complementar a algum curso. "Pois a pessoa não está somente presa ao que está sendo exposto no curso, tem outras referências que complementam a questão do aprendizado", diz.
Apesar do alerta, o professor Ronaldo Gomes, da área de Tecnologias e Ensino de Línguas da Faculdade de Letras da Universidade Federal Minas Gerais (UFMG), explica que o uso de apps para aprender um novo idioima não é novidade. Práticas como essa sempre ocorreram, com o uso de CD-ROMs ou engajamento com músicas e filmes.
O que muda, afirma, é a forma de aprendizado.
"Com a internet, o acesso a espaços de aprendizagem formais, não-formais e informais se tornou bem menos complicado. Nesse sentido, explorar, refletir e conectar-se com esses espaços são passos importantes para a construção de uma rede pessoal de aprendizagem de línguas. Quão maior o número de conexões nessa rede, maiores serão as oportunidades de aprendizagem", destaca. "Recomendo que as pessoas busquem conhecer os seus perfis e estilos de aprendizagem".
Em quanto tempo dá para aprender?
Defensor dos aplicativos como ferramenta de aprendizado de um novo idioma, o especialista Ronaldo Gomes pondera que não há um tempo determinado para aprender a falar outra língua. O ideal, segundo ele, é que a pessoa busque a prática e bons estímulos.
Entre eles, leitura e escuta.
"Quanto mais lemos, ouvimos e interagimos com a língua, mais rápido aprendemos. Se não colocarmos a língua em uso, nenhum recurso será suficiente para aprender", ressalta.
Ronaldo alerta, inclusive, para cursos e aplicativos que vendem essa promessa. "A aprendizagem não é um produto, é um processo contínuo", acrescenta.