Após ataques, escolas de São Paulo organizam atos pela paz e tolerância nesta quinta-feira
Ações de acolhimento estão sendo realizadas como resposta à onda de ataques que atingiu instituições de ensino nas últimas semanas
Colégios da capital e do interior do Estado de São Paulo estão realizando esta quinta-feira, 20, manifestações e atividades para promover a paz e a tolerância dentro do ambiente escolar. As ações, que vão desde vestir roupas e fitas brancas até abraços coletivos ao redor do prédio de escolas, estão sendo pensadas e executadas como resposta à onda de ataques que atingiu diferentes instituições de ensino nas últimas semanas.
As unidades Bartira e Caubi do Colégio Pentágono, em Perdizes, zona oeste de São Paulo, começaram o dia com uma conversa entre os estudantes e as orientadoras da entidade sobre a importância de acolher e demonstrar empatia entre os colegas.
Outras ações previstas na escola são a distribuição de palavras de elogios entre os alunos e também uma caminhada pelo interior da unidade, onde os estudantes distribuirão abraços e demonstrações de afeto uns aos outros.
Uma faixa com desenhos simbolizando a paz e um painel com mensagens sobre união e amizade também serão feitos como forma de materializar as ações.
Os funcionários do Pentágono foram convidados a trabalhar de roupa branca, informou a escola ao Estadão. Por questões de segurança e identificação, os estudantes deverão usar os uniformes tradicionais, que já são brancos também.
"Pautamos uma ação de conversa e solidariedade relacionada aos sentimentos que tivemos ao longo das últimas semanas", declarou Patrícia Nogueira, diretora-geral pedagógica do Colégio Pentágono. O acolhimento faz parte da nossa cultura. Portanto, não podíamos deixar de participar do movimento e abraçar a comunidade escolar", completou.
Na Escola da Vila, no Butantã (zona oeste), as ações vão girar em torno de rodas de debate, discussões sobre ética e também momentos de autoconhecimento. De acordo com a orientadora da instituição Fernanda Flores, a escola vai promover rodas de conversa adaptadas para cada faixa etária.
Aos mais novos, do ensino infantil, por exemplo, a atividade de acolhimento vai focar em debater como os pequenos se cuidam e cuidam dos outros; com as crianças mais novas do ensino fundamental, as trocas serão sobre o que faz cada um se sentir em paz e como tornar o ambiente escolar um lugar mais pacífico.
"Também vamos fazer dobraduras, colagens, pendurar desejos pela escola e organizar rodas de conversa para turmas do 4º ao 6º ano sobre empatia, cuidado, autocuidado e respeito a partir de frases disparadoras e de trabalhos já realizados por estudantes do ensino médio", afirmou Fernanda.
Do 7º ano para cima, incluindo os alunos do ensino médio, haverá atividades específicas sobre o tema mesmo com o calendário de aulas mantido. Uma das propostas será a confecção de mil tsurus, origamis em forma de pássaro, que carregam a simbologia da paz.
"Vamos conversar sobre o direito que todos têm ao espaço escolar. Um espaço de formação importante e incontornável do coletivo. São ações pensadas que já fazem parte do nosso trabalho, mas que nesta quinta vão ganhar um contorno especial da cultura da paz", disse a coordenadora da Escola da Vila.
No Centro Educacional Pioneiro, na Vila Clementino, zona sul, as atividades em prol da paz serão divididas por turmas. No 2º ano do ensino fundamental, professores contarão histórias para, em seguida, crianças fazerem um desenho sobre o assunto abordado.
Para os estudantes do 3º ano, está programado um trabalho de sensibilização a partir de uma música e uma roda de conversa sobre a palavra "Paz", na sequência. Depois da reflexão, a proposta vai ser produzir cartões que serão decorados com palavras que mencionam os sentimentos despertados durante a discussão.
As turmas do 4º ano farão dobraduras de uma pomba branca, e vão pendurar uma mensagem sobre o que cada um pode fazer para promover a paz no ambiente escolar.
O colégio Santa Clara, na Vila Madalena, zona oeste da capital, sugeriu que os estudantes fossem à escola nesta quinta-feira com flores e vestindo roupas brancas.
"Acreditamos que os bons são a maioria em nossa sociedade e que precisamos demonstrar claramente isso, oferecendo a paz e o acolhimento a todas as pessoas", disse a instituição em um comunicado enviado aos pais e que o Estadão teve acesso.
Escolas da rede municipal de ensino de São Paulo também vão aderir ao movimento para este dia 20.
A EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Perimetral, localizada em Paraisópolis, na zona sul, vai promover uma passeata a partir das 13h. O ponto de partida da caminhada será na frente da unidade, na Avenida Hebe Camargo, com a finalização no no Parque Municipal de Paraisópolis, a 300 metros da EMEF.
Assim que chegarem ao parque, os participantes deverão fazer um minuto de silêncio para homenagear as vítimas das tragédias. Uma professora, em São Paulo, e quatro crianças, de uma creche em Blumenau, morreram após os ataques às instituições no final de março e começo de abril.
Em Paraisópolis, estão programados também um abraço coletivo ao redor do prédio do colégio municipal e também o lançamento de balões por parte dos estudantes para simbolizar a cultura da paz.
Ações no interior do Estado
As manifestações não vão se restringir apenas às escolas da capital. O colégio Rio Branco, da cidade de Campinas, interior do Estado, também planeja ações para promover a cultura da tolerância, do diálogo e do respeito entre estudantes, professores e funcionários da entidade.
Já nesta quarta, a diretoria da instituição convidou a comunidade escolar a utilizar uma fita no pulso, com os dizeres "Paz", que foi distribuída no início da manhã, e também sugeriu a escrita de cartões com mensagens de afeto e cuidado, que já foram amarrados em grades e muros do colégio.
"Além de tomar medidas de segurança e controle de entrada e saída da escola, ficamos pensando no que podíamos fazer em relação ao dia 20 e ao clima (de tensão) que está (presente) nas escolas e nas famílias. Então, pensamos nessas ideias que são simples e factíveis", disse Admir Moreli, diretor do Rio Branco.
"(Esse movimento) Dá uma ideia de pertencimento e poder. O coletivo dá essa sensação de que, juntos, estamos mais fortalecidos e que é que a gente pode combater essa situação", completou.