Ator da Globo denuncia 'desmonte' em Escola de Arte Dramática da USP
Artista usou as redes sociais para cobrar providências; instituição prometeu regularizar quadro de professores até o final de março
O ator Samuel de Assis deu uma pausa nas publicações de costume nas redes sociais para denunciar o que ele chama de "desmonte" na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP). Em vídeo, o artista diz que a administração tirou as placas de identificação do instituto e que os alunos estão sem aulas desde o dia 4 de março.
Formado pela instituição em 2006, o ator fez um apelo aos seguidores e aos colegas da dramaturgia. No pronunciamento, Samuel de Assis falou em "momento desesperador" em seus 76 anos de história.
"A escola fica dentro da ECA [Escola de Comunicação e Artes] e essa semana tiraram as placas de identificação", sinalizou o artista. "A gente está sem professor. Tem aluno, tem turma ativa lá, e eles estão sem aula desde o dia 4 de março, que seria o primeiro dia do ano letivo de 2024", acrescentou.
O ator, que no ano passado interpretou o protagonista Benjamin em Vai na Fé, da TV Globo, ainda convocou os colegas de profissão para se posicionarem sobre o caso. No post, ele marcou Luís Miranda, Isabel Teixeira, Edson Celulari, Vera Holtz e Eliane Giardini, entre outros artistas em evidência.
O apelo de Samuel faz coro ao posicionamento de algumas turmas da Escola de Arte Dramática da USP. Em uma publicação feita em conjunto na última sexta-feira, 8, alunos da EAD denunciaram a falta de sinalização com as novas placas.
"Isso nos revela o total apagamento que a escola vem sofrendo e a prática de desmonte descarada por parte da ECA-USP", escreveu o grupo.
Os estudantes afirmaram ainda que a direção da Escola de Comunicação da USP foi questionada, e respondeu que cobriria os totens até que chegasse a uma solução. Para os alunos da EAD, a decisão não foi satisfatória.
"Nós exigimos uma retratação e a inclusão imediata da Escola de Arte Dramática nas placas", diz o comunicado.
Previsão de volta às aulas
Procurada pelo Terra, Escola de Comunicação da USP respondeu em nota que a universidade sofreu uma queda sensível do seu quadro de docentes e servidores técnico-administrativos, agravada no ano passado.
"Cinco funcionárias solicitaram aposentadoria, reduzindo a seis o número de Orientadores de Arte Dramática da EAD", explicou a faculdade.
A ECA-USP ainda afirmou que tentou realizar um concurso público emergencial para a contratação de dois novos orientadores, mas um recurso apresentado junto ao Ministério Público (MP) teria levado ao atraso das contratações pelo Departamento de Recursos Humanos (DRH). A expectativa, segundo a instituição, é que dois novos professores sejam contratados até o final do mês de março.
"Atualmente, o DRH aguarda a análise do MP sobre a resposta da Fuvest ao recurso, para dar andamento à admissão dos novos servidores. Somente após essa análise será possível dar andamento às contratações", detalha a nota enviada ao Terra.
A ECA, por outro lado, não respondeu sobre a suposta falta de sinalização para a Escola de Arte Dramática nas novas placas colocadas pela administração. Os estudantes responsáveis pela publicação não retornaram o contato do Terra.
A EAD contribui na formação de atores desde 1948. Além de Samuel de Assis, já passaram por lá nomes como Matheus Nachtergaele, Marcos Caruso e Elizabeth Savala.