Beltrame reconhece excessos da PM em manifestação de professores no Rio
O secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, reconheceu neste sábado que houve excessos por parte da Polícia Militar na manifestação dos professores ocorrida no último dia 1º, durante votação do Plano de Cargos e Salários do magistério municipal pela Câmara dos Vereadores.
“Na minha opinião, em alguns casos, principalmente os que estão revelados publicamente, houve excessos. Mas também tenho que dizer que se houve intransigência e excessos dos policiais, isso veio de duas partes, da polícia e de alguns manifestantes. Nós temos 15 pessoas que precisaram de atendimento médico, nove delas são policiais. Houve, sim, preliminarmente, excesso dos policiais, mas esse excesso veio também, por vezes, dos dois lados”, disse Beltrame, em conversa com jornalistas, durante evento de ação social, na comunidade do Jacaré, zona norte do Rio.
Além de diversas cenas de violência policial contra os representantes dos professores e também de manifestantes ligados aos black blocs, imagens mostradas posteriormente comprometeram a PM, como a de policiais alegando injustamente que um jovem carregava um morteiro em sua mochila, um outro policial flagrado em cima do prédio da Câmara jogando objetos contra os manifestantes e a foto de um PM no Facebook, mostrando um cassetete quebrado com a legenda “foi mal fessor”.
“Os três casos estão sendo analisados. Não estamos em uma ditadura. Não se pode, através de uma fotografia, expulsar um policial. A imagem é importante, ela fala por si, mas não se pode sumariamente demitir ou fazer uma punição a um policial. Não quero, absolutamente, defender policiais, até porque já expulsamos mais de mil e quinhentos”, disse.
Beltrame disse que a polícia vai agir para preservar o direito de manifestação dos professores, em referência a um protesto que está sendo marcado pelas redes sociais para a próxima segunda-feira, no centro da cidade. Mas o secretário não quis garantir que equipamentos como gás e balas de borracha não serão utilizados.
“A polícia está ali para garantir a manifestação. Os equipamentos de uso, como gás e bala de borracha, acreditem os senhores, são um avanço. Porque anos atrás você tinha o cassetete e o escudo. Hoje você tem outros equipamentos. A questão toda é: quando, como e por que usar esses equipamentos. Se uma manifestação ocorrer pacificamente, a Polícia Militar está ali para garantir isso. A manifestação é do processo democrático e a obrigação da PM é garantir isso.”
Caso Amarildo
Beltrame falou também sobre o Caso Amarildo, que levou ontem à prisão dez policiais militares que atuavam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, incluindo o ex-comandante do grupo, major Edson Santos. Segundo ele, o que aconteceu não enfraquece a imagem das UPPs.
“Eu acredito que não. A polícia deu sua resposta de maneira transparente e objetiva. Entregou esses policiais à disposição da Justiça, independentemente de serem oficiais ou não. Acho que temos de fazer quando essas coisas tristes acontecem, é elucidar da maneira mais rápida possível e apresentar respostas claras à sociedade, sobretudo à família que sofre. Isso não enfraquece absolutamente a UPP. O mais importante é que as pessoas querem a UPP e que a vida destas pessoas lá dentro mudou”, completou.