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Bolsista diz que se decepcionou com estrutura de universidade portuguesa

1 abr 2013 - 08h54
(atualizado às 08h54)
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Estudante de biologia, Jenifer Ramos mora em Portugal desde setembro de 2012
Estudante de biologia, Jenifer Ramos mora em Portugal desde setembro de 2012
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Jenifer Ramos, 21 anos, queria ir para a Alemanha fazer intercâmbio em universidades com pesquisa de alto nível na área de biologia, mas a estudante gaúcha acabou em Portugal pela falta de proficiência no idioma alemão. Ela já estudava a língua há um ano, mas a exigência do edital do programa Ciência sem Fronteiras era maior, precisa ter domínio completo, o que acabou impedindo a realização do sonho. Para não perder a oportunidade de estudar fora do País, ela conseguiu bolsa por um ano na Universidade de Évora, no interior de Portugal.

No entanto, a jovem que fazia pesquisas de iniciação científica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS),  sentiu-se frustrada quando chegou ao país ibérico e se deparou com uma estrutura inferior a da instituição gaúcha. "Os professores são bons, na verdade tem professor bom e ruim em qualquer lugar, mas senti bastante pela falta de laboratórios, de pesquisa. Aqui não tem iniciação científica como no Brasil", conta.

Jenifer garante que, na Universidade de Évora, existe pesquisa acadêmica de alto nível, mas ela é feita a partir do mestrado. "Na graduação é mais difícil, é mais teoria mesmo", explica. A jovem, que quer fazer estudos sobre insetos, diz que decidiu ir para Portugal por causa da equivalência nas disciplinas. "Eu sou formada em inglês e até poderia ir para os Estados Unidos, mas lá eu atrasaria muito a conclusão do curso porque as disciplinas são muito diferentes das que eu tenho na PUC. Em Portugal, é muito parecido", afirma.

Mesmo com algumas frustrações, Jenifer diz que o intercâmbio está sendo valioso para formação, principalmente pelo contato com estudantes de diferentes localidades e pela convivência com diferentes culturas. Ela embarcou para a cidade de 50 mil habitantes em setembro de 2012 e deve retornar no meio deste ano para concluir a graduação em biologia. O próximo passo: investir nos estudos de alemão, fazer mestrado, e depois embarcar para uma nova experiência de intercâmbio. Dessa vez na Alemanha, para fazer doutorado.

Universidades portuguesas têm potencial

Presidente da Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb-Coimbra), Viviane Carrico, diz que, assim como no Brasil, em Portugal existem universidades, politécnicos e institutos que estão ou não preparados para receber estrangeiros. "Não podemos falar simplesmente em 'universidade portuguesas', temos que clarificar quais são essas universidades, em Coimbra, e principalmente a UC, que é aquela que mais aluno brasileiros recebe tem essas condições (de receber estudantes de fora)", afirma ao citar a Universidade de Coimbra, considerada a melhor instituição de ensino superior do país por rankings internacionais.

Adriana Konzen foi para Portugal fazer graduação-sanduíche na Universidade de Coimbra
Adriana Konzen foi para Portugal fazer graduação-sanduíche na Universidade de Coimbra
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação

Adriana Konzen, também aluna da PUCRS, fez intercâmbio na Universidade de Coimbra e defende o ensino em Portugal. "Achei muito bom, os professores são preparados e o contato com pessoas de fora, com outra cultura é positivo", disse a jovem que está concluindo o curso de letras. Ela afirma que uma das vantagens de Portugal é o custo de vida mais baixo que outros locais da Europa. "Com o dinheiro da bolsa dava para pagar o aluguel, comer, investir o estudo e ainda dava para viajar", afirma. 

Para o vice-secretário de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o principal problema de Portugal não é suas instituições de ensino – já que, segundo ele, o país tem bons cursos -, e sim o volume de estudantes brasileiros que querem fazer intercâmbio lá. "O país não tem estrutura para receber tantos estudantes do Brasil", afirma.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), disse, por meio de sua assessoria, que concorda que o país não está preparado para receber tantos estudantes do Ciência sem Fronteiras. Por isso, no último edital as regras para outras nações foram abrandadas (o nível de proficiência de inglês teve seu peso reduzido), tentando incentivar o intercâmbio com outras partes do mundo.

Fonte: Terra
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