Brasil está perto de explosão no ensino online, avalia pesquisador
Para Matt Small, as instituições brasileiras estão cada vez mais conscientes de que o ensino a distância é essencial para o sucesso educacional
O Brasil vive o começo de uma explosão no ensino a distância. Essa foi a conclusão que Matt Small tirou da sua visita ao Brasil, no início de maio; ele é presidente da divisão internacional da Blackboard, empresa de tecnologia para a educação. “Tenho passado muito tempo pesquisando. Visitei universidades, parceiros e educadores brasileiros, e percebi que é um momento muito emocionante para o aprendizado online”, garantiu em entrevista ao Terra.
De acordo com dados do Censo EAD.Br: relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil de 2011, publicado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), essa modalidade de ensino contou com 3,5 milhões matrículas em 2011, um aumento de 58% em relação ao ano anterior.
Para o americano, as instituições brasileiras estão cada vez mais conscientes de que o ensino a distância é essencial para o sucesso educacional do País. “Seria crítico verificar a demanda de estudantes crescendo – e nós vemos os índices populacionais subindo – e ela se sobrepor à capacidade do sistema educacional”, avalia.
A essa nova postura das universidades brasileiras de levar a modalidade cada vez mais a sério, segundo ele, se deve o aumento da participação da Blackboard no Brasil. Desde 2011, a empresa, que tem parceria com a holding educacional Grupo A, cresceu 300% no País e, para Small, a tendência é que o aumento se repita este ano. “Muitas universidades brasileiras ainda não possuem programas de ensino online sofisticados, mas estão buscando novas soluções. Elas estão realmente investindo, capacitando professores para ensinar online”, analisa.
Small alerta, no entanto, que a mentalidade dos brasileiros a respeito do aprendizado online no ensino superior ainda deve evoluir, e não ser vista como uma questão meramente tecnológica, mas um modo de pensar a universidade na rede. Para isso, é importante que o primeiro passo parta das lideranças das universidades e que estas acreditem na modalidade.
“Não é apenas colocar um software em um servidor e torná-lo disponível para estudantes e professores sem pensar na qualidade do curso e na pedagogia. Se você não investe tempo para planejar, não há aprendizado”, enfatiza, destacando a necessidade de que se definam estratégias para a educação a distância (EAD) e sua didática específica.
De acordo com o censo da Abed, os principais obstáculos enfrentados na EAD foram a evasão de alunos, a resistência de educadores à modalidade, os desafios organizacionais para que instituições presenciais passem a oferecer ensino a distância e o custo de produção de cursos. Para o americano, isso é resultado de uma percepção errônea a respeito da EAD, que pode se referir a companhias que não usam corretamente o ensino online. “Há amplas evidências de que é preciso de um approach online, não basta transferir o que se faz em sala de aula para a rede”, reforça.
Para o americano, o Brasil está ficando “inteligente” em como tornar a modalidade eficiente, mas que muitas instituições ainda estão no começo do processo. “Não é difícil melhorar o ensino online, basta fazer dele um imperativo”, acrescenta. Small explica ainda que é necessário mudar a concepção que se tem em relação à educação a distância, uma vez que ela pode ser aplicada de diferentes formas, e um curso pode ou não ser integralmente online. “Há bons exemplos de universidades que têm cursos em sala de aula três vezes por semana e nos dois restantes os alunos respondem a testes online”, exemplifica, ao lembrar que nos Estados Unidos é comum que cursos tradicionais ofereçam parte de sua grade curricular na rede.
Small lembra, ainda, que o ensino online está em sintonia com a forma como as pessoas interagem com o mundo atualmente – música, filmes, livros, tudo pode ser encontrado na internet. Ele aponta, contudo, que a EAD não é diferente da educação tradicional, mas outra modalidade, e traz os mesmos benefícios, mas com uma vantagem: tornar o aprendizado mais eficiente, efetivo e acessível.