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Calendário escolar do Rio Grande do Sul será flexibilizado, anuncia MEC

Governo estadual estima que 1.033 escolas, de um total de 2.338, foram danificadas ou atingidas pelas fortes chuvas que atingem a região

10 mai 2024 - 12h29
(atualizado às 13h00)
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Escola Aurélio Porto, em Montenegro, no Vale do Taquari, após fortes chuvas
Escola Aurélio Porto, em Montenegro, no Vale do Taquari, após fortes chuvas
Foto: Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul

Devido à tragédia climática que abateu o Rio Grande do Sul, o Ministério da Educação (MEC) autorizou a flexibilização do calendário escolar e a possibilidade de aulas remotas às escolas localizadas nos municípios gaúchos que foram atingidos pelas fortes chuvas. O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 9, em Pernambuco, pelo ministro da Educação, Camilo Santana, durante evento de lançamento do programa Pé-de-Meia. 

De acordo com o ministro, foi articulado com o Conselho Nacional de Educação (CNE) diretrizes orientadoras destinadas aos sistemas de ensino, às instituições e às redes escolares - públicas, privadas, comunitárias e confessionais -  para a retomada segura das aulas na educação básica e na educação superior no Rio Grande do Sul. 

"Colocamos todas as instituições federais [possíveis de serem utilizadas] para servirem de abrigos e pontos de coleta de doações. Também os restaurantes universitários estão servindo alimentação; e os hospitais federais, usados para atendimento. Por meio de uma resolução do CNE, flexibilizamos o calendário escolar do Rio Grande do Sul, tudo com muito diálogo com os gestores dos municípios atingidos e do Estado, medida que garantirá mais tranquilidade e segurança aos gestores escolares das redes municipais e estadual", disse ele.    

Vídeos mostram como ficou Arroio do Meio (RS) após cheia do Rio Taquari:

Como funcionará a flexibilização 

De acordo com o MEC, as instituições escolares de educação básica e educação superior ficam dispensadas, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de observância do mínimo de dias de trabalho educacional e do cumprimento da carga horária mínima anual na educação infantil. Também estão isentas da obrigatoriedade de observância do mínimo de dias de efetivo trabalho escolar, desde que cumprida a carga horária mínima anual, no ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior.    

Para o cumprimento dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da educação básica, a integralização da carga horária mínima do ano letivo poderá ser efetivada no ano seguinte, inclusive por meio da adoção de um currículo ininterrupto de duas séries ou anos escolares contínuos. As diretrizes valem durante o período afetado pelo estado de calamidade pública no território.    

Ainda entre as diretrizes, fica autorizada a utilização de espaços alternativos para o cumprimento de atividades letivas em todos os níveis e etapas educacionais. A orientação considera o fato de muita gente estar sem luz e internet; logo, o estudo remoto não seria a solução. Também ficou determinada a prorrogação por até dois anos dos prazos para os trabalhos de conclusão de curso em todos os níveis e etapas educacionais.      

"O CNE reitera a disposição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e de diversas normas do CNE, sobre a necessidade de que as soluções a serem encontradas pelos sistemas e redes de ensino sejam realizadas em regime de colaboração, uma vez que muitas dessas soluções envolverão ações conjuntas de todos os atores do sistema educacional local e nacional", destacou o Ministério da Educação.      

O Conselho recomendou um esforço dos gestores educacionais no sentido de que sejam criados ou reforçados, na medida do possível, plataformas públicas de ensino remoto e espaços alternativos para o cumprimento das atividades letivas --que sirvam de referência não apenas para o desenvolvimento dos objetivos de aprendizagem em períodos de normalidade, mas também em momentos de emergência como este.

Ainda segundo o CNE, o parecer deve ser desdobrado em normas específicas, a serem editadas pelos órgãos normativos de cada sistema de ensino no âmbito de sua autonomia.       

Mais de 1 mil escolas foram atingidas, aponta governo

A reorganização do calendário escolar e da possibilidade da contagem de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual é uma medida excepcional, para enfrentamento ao estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul.          

No aspecto educacional, o governo estadual estima que 1.033 escolas, de um total de 2.338, foram danificadas ou atingidas de alguma forma pelas chuvas. Assim, milhares de alunos, englobando 229 municípios, estão sem aulas.       

"O CNE, em articulação com o MEC, considera necessária a flexibilização de regras e procedimentos educacionais, visando mitigar os efeitos maléficos sobre os estudantes e toda a comunidade escolar gaúcha. O objetivo é criar condições para que as redes de ensino estadual e municipais e as instituições de educação superior sediadas no RS reorganizem os calendários escolares, em um cenário gradual de volta à normalidade institucional e à possibilidade de continuidade do período letivo, a partir da utilização de novas tecnologias digitais de informação e comunicação", explica o MEC em nota. 

De acordo com o Ministério, diante desse cenário, atividades pedagógicas não presenciais devem ser pensadas como alternativas localmente adequadas neste momento, visando à reorganização dos calendários escolares e tendo em vista as peculiaridades e os recursos disponíveis.

"No contexto atual, a inovação e criatividade das redes, das escolas, dos professores e dos estudantes podem apresentar soluções mais efetivas. Devem ser considerados o atendimento aos objetivos de aprendizagem e o desenvolvimento das competências e habilidades a serem alcançados pelos estudantes em circunstâncias excepcionais provocadas pela calamidade pública", acrescenta a pasta. 

Inep também acompanha situação

Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou ao Terra que tem monitorado a situação no Estado e não medirá esforços para garantir a inscrição de todos os interessados em participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024. No momento não há nenhum procedimento aberto – a próxima etapa prevista é a divulgação, que ocorrerá em 13 de maio, dos resultados das justificativas de ausência no Enem 2023 e das solicitações de isenção da taxa de inscrição na edição de 2024.

Fonte: Redação Terra
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