Capes: pesquisadores reclamam de atraso no repasse de bolsa

Pesquisadores de todo o País ainda não receberam o pagamento da bolsa-auxílio oferecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) referente ao mês de novembro de 2015. O dinheiro é pago aos pesquisadores pela realização de pesquisas apoiadas pelo órgão federal. A Capes é responsável pelo pagamento da bolsa, realizada por meio de depósito diretamente na conta de cada estudante.

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Com o atraso no pagamento, que deveria ser depositado até o 5º dia útil de cada mês, os pesquisadores tomaram as redes sociais com a campanha #CapesCadeMinhaBolsa, cobrando respostas do órgão. Alguns ressaltam que o Portal de Transparência do Governo Federal, que deveria informar o andamento dos pagamentos, está desatualizado. Até a última segunda-feira (7), bolsistas do CNPq também não tinham recebido o depósito. 

Para muitos estudantes, a bolsa-auxílio oferecida pela Capes é a única fonte de renda que possuem. Para receber o pagamento, os alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado assinam um acordo em que concordam em não ter nenhum vínculo empregatício enquanto estiverem realizando as pesquisas. 

Assim, o atraso no depósito do valor, consequentemente, os impede de conseguir pagar por despesas básicas como moradia, alimentação e transporte. "Nós, pós-graduandos, temos dedicação exclusiva sem vínculo empregatício algum e recebemos apenas o dinheiro da bolsa sem benefícios algum. Estamos com contas atrasadas, juros sobre juros, dispensas vazias e, para quem tem família, como eu, que depende de mim, a situação só se agrava. A pós que eu faço levo a sério, é meu emprego. Cumpro ordens, horários e trabalho muito para isso. É desrespeitoso", desabafou Paola Vendramini, biomédica formada pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro e aluna de douturado do Instituto de Ciências Biomédicas da USP na área de Imunologia, em entrevista ao Terra. 

"Tenho duas crianças de oito anos que dependem exclusivamente de mim. No momento recorri à ajuda de familiares para poder não deixar faltar o básico para meus filhos. Minha dispensa está vazia, minhas contas estão atrasadas e com juros mas a bolsa não tem aumento, e quem paga por isso são meus filhos", continuou.

Carolina Purcell é bióloga formada pela UFSCar, e faz douturado em biologia celular e tecidual pela USP. Como muitos estudantes, ela depende da bolsa para pagar todas as suas despesas: aluguel, condominio, transporte, alimentação e remédios. "Infelizmente a bolsa só dá pra isso, não muito mais. Meu aluguel e condominio estão atrasados. A comida também está acabando. Nao tenho mais um tostão no banco nem no bolso", explicou. "Eu tomo hormônio controlado todos os dias e uma vez por mês tenho que comprá-los. Hoje já acabou a caixa do mês passado. O que eu faço agora? Morro? Não é só as contas que sao afetadas, nossa saúde também".

O portal da transparência esta tão transparente que não estou enxergando nada #CapesCadeMinhaBolsa

— Luis Jr. (@LuisJr9) December 8, 2015

Enquanto estão desenvolvendo as pesquisas, os bolsistas recebem R$ 1.500 para mestrado, R$ 2.200 para doutorado e R$ 4.100 para pós- doutorado

Veronica Manzoni é zootecnista graduada pela Universidade Federal de Santa Maria e doutoranda em Zootecnia no programa de pós-graduação da mesma instituição. Ela depende exclusivamente da bolsa para pagar suas despesas, mas, por conta do atraso, teve de pedir ajuda aos pais. "Meus pais que pagaram meu aluguel, condomínio e luz", explicou. 

#CapesCadeMinhaBolsa O pagamento é no 5 dia útil e não quando quer....Nós trabalhamos e precisamos do dinheiro SIM!

— * Mah * (@l_mariahzinha_l) December 8, 2015

Contatado pelo Terra, a Capes não informou o motivo do atraso do pagamento das bolsas, mas garantiu que o depósito foi efetuado na última segunda-feira (07) e estará "disponível nas contas dos beneficiários a partir desta quarta-feira (09)".